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Carbono social surge como ferramenta para reconhecer quem protege a floresta

Sebrae ajuda na inserção de comunidades tradicionais nesse mercado, para impulsionar a renda de comunidades amazônicas
Por Ana Vitória Gouvêa
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Num cenário global em que políticas climáticas enfrentam retrocessos em várias regiões do mundo, o Brasil surge como uma potência em inovação ambiental e, seguindo nessa direção, está o trabalho do Sebrae para transformar o carbono social – abordagem de inclusão que reconhece quem cuida da floresta – em ferramenta concreta de desenvolvimento local. Durante painel realizado no Espaço Sebrae na Green Zone, em Belém, especialistas internacionais destacaram a importância de colocar as pessoas no centro da agenda climática.

Segundo o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, a instituição tem ampliado sua atuação para fortalecer a bioeconomia e garantir que iniciativas de impacto alcancem todo o território paraense. “Estamos avançando com o Polo Sebrae de Bioeconomia, que foi implantado em Belterra e está oferecendo soluções desenvolvidas a partir da própria floresta. Também temos o Inova Amazônia, que apoia startups com foco socioambiental, e o Sustenta Inova, realizado em parceria com a União Europeia para fortalecer sistemas agroflorestais”, afirma.

A mensagem, repetida ao longo do encontro, foi clara: a Amazônia não está abandonada – ela é cuidada por gente. São ribeirinhos, quilombolas, agricultores familiares, povos indígenas e produtores rurais, que há séculos manejam o território, são os responsáveis diretos pelos serviços ambientais que beneficiam o planeta. Sem eles, não há floresta, não há carbono estocado, não há equilíbrio climático.

“Não estamos falando de benefício adicional, mas sim de reconhecer o papel essencial das pessoas que fazem a floresta existir”, destacou Ian Short, CEO da SocialCarbon, empresa que presta serviços a comunidades que desejam aderir à prática. “Carbono social é fortalecer quem sempre cuidou da natureza”. Para os especialistas presentes, esse é o passo natural para um mercado de carbono mais justo.

Tradicionalmente, o mercado de créditos de carbono tem sido dominado por grandes empresas. Para aproximar comunidades amazônicas desse universo, o Sebrae atua reposicionando suas estratégias para reduzir desigualdades históricas no acesso a esse mercado. Durante o painel, a instituição anunciou que está desenvolvendo metodologias próprias, linguagem mais acessível e modelos de aproximação territorial que permitam dialogar diretamente com populações remotas.

“Percebemos que não basta oferecer capacitação na capital. Precisamos ir até as comunidades, falar a língua delas e apoiar desde o início da jornada, até que estejam prontas para receber os créditos de carbono social”, afirma Eraldo dos Santos, gerente da Unidade de Diversidade e Inclusão do Sebrae.

Com essas medidas, o Sebrae/PA pretende ampliar o alcance de programas voltados à bioeconomia e garantir que pequenos empreendedores e organizações comunitárias também possam participar do mercado de carbono social. O objetivo é claro: transformar o carbono social em fonte real de renda para famílias que historicamente protegem os recursos naturais, mas raramente são remuneradas por isso.

Agora, o desafio é integrar essa rede a uma nova iniciativa: a parceria com o SocialCarbon, que lançou uma metodologia inovadora para medir e certificar serviços ambientais realizados por agricultores familiares. A novidade permitirá que pequenos produtores gerem créditos de carbono social de forma simplificada, mecanismo inédito no mundo.

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