Produzida a partir do mel de abelhas sem ferrão em Belém, a bebida que é como um “vinho de mel” conquistou medalha de prata no Brasil Beer Cup 2025, em Florianópolis (SC). Trata-se do hidromel Uruçun da Amazônia, um dos produtos disponíveis na Loja Brasil Biomarket na En-Zone, a Zona do Empreendedorismo do Sebrae no Pará durante a COP30.
O hidromel, da marca Hidromel Uruçun da Amazônia, é uma bebida alcoólica de 14% de teor alcoólico, pertencente ao grupo dos fermentados, composta por água, mel de abelhas sem ferrão e levedura. As leveduras transformam os açúcares do mel em álcool. O produto da Uruçun é do tipo demi-sec, semelhante ao vinho branco moscatel, com dulçor que remete às uvas do extremo sul da América do Sul.
A empreendedora paraense Ana Lídia Ribeiro, CEO da marca, explica que alguns elementos tornam sua bebida única. “O nosso hidromel possui um terroir diferenciado, porque primeiro a gente tá na Amazônia. Aqui a abelha faz uma polinização de área silvestre, onde ela tem pelo menos oito espécies de árvores frutíferas. Então, costumo falar que é uma explosão de sabores”, conta ela.
Da pesquisa à bebida
O caminho até a criação do licor foi facilitado por sua experiência como pesquisadora da Embrapa, o que lhe permitiu visitar 27 municípios do Pará e entender as particularidades do mel produzido em cada região. “Naquele momento em que eu pude estudar toda a cadeia produtiva da meliponicultura dentro do estado do Pará, eu pude entender que tinha um mel interessantíssimo, com um valor de análise físico-química inigualável”, completa.

A produção do hidromel também ajudou a modificar aspectos da regulamentação do mel de abelhas sem ferrão, permitindo que a bebida obtivesse registro e entrasse no mercado internacional. Hoje, ela é exportada para sete países, com prospecção para chegar a dez. “Hoje, quem consome o hidromel é com certeza uma pessoa viajada, que conhece muito dos sabores”, explica ela.
Movimentando a cadeia
A cadeia produtiva da Uruçun movimenta renda para cerca de 300 famílias em 2.000 hectares de terra, que reúnem aproximadamente 2.000 caixas onde são depositadas o mel. “Hoje nós temos um relatório de impacto, conseguimos comprovar que, em 2.000 hectares de terra, sequestramos mais de 44.000 toneladas de carbono por ano”, explica.
Além disso, a marca tem conseguido repartir os benefícios gerados com os produtores locais. “O melhor de tudo isso é conseguir fazer a repartição desses benefícios com esses pequenos produtores, com essas pessoas que estão ali guardando a floresta e produzindo, ajudando a manter essa floresta em pé”, conta.
Ana Lídia também destaca o acompanhamento do Sebrae/PA no negócio, desde o primeiro momento, da abertura do MEI até hoje como uma Microempresa (ME). Com apoio do Sebrae, a empreendedora conta que conseguiu tirar o negócio da informalidade, além disso pequenos produtores parceiros se tornaram MEI. “Também temos o Empretec, os programas de produtividade, controle de estoque e vendas, além do Sustenta e Inova, que me ajudaram”, finaliza.
Em 2026, a marca representará o Brasil em Nova York, concorrendo ao prêmio de melhor hidromel do mundo, em fevereiro.

