Barras de chocolate 70%, de sabor intenso, com apenas dois ingredientes: cacau orgânico e açúcar orgânico. Chocolate 60% com castanha-do-Pará e cumaru, além do chocolate 60% com cupuaçu, embalado na folha de cacau desidratada. Esses são alguns dos produtos da marca Cacau Xingu, de Brasil Novo, expostos no espaço Sustenta e Inova, na En-Zone, a Zona do Empreendedorismo do Sebrae na COP30, no Parque Urbano Belém Porto Futuro I.
Com produção voltada para valorização da floresta, as embalagens exibem animais silvestres, como o macaco-prego e a arara-vermelha, para evidenciar como a produção sustentável por meio da agricultura familiar, que é um ponto essencial da marca, valorizando a floresta em pé.
Segundo Jiovana Lunelli, produtora rural e criadora da Cacau Xingu, todo o processo segue o sistema orgânico agroecológico, baseado em sistemas agroflorestais. A produção de cacau orgânico ocupa 11 hectares e reúne 6 mil pés de cacau, em Brasil Novo. “Fazemos parte de uma cooperativa de cacau orgânico. As amêndoas a gente comercializa através da cooperativa e uma parte destinamos à produção de chocolate. Temos hoje chocolates intensos e chocolate ao leite. Procuramos colocar os produtos da Amazônia em evidência”, explica.
Os chocolates da marca incluem sabores com cumaru, cupuaçu, babaçu, pichuri e café robusta da Amazônia. A agricultora defende que a região não deve apenas exportar commodity, mas agregar valor aos produtos do Pará. “Isso é para mostrar para as pessoas que é possível a agricultura familiar verticalizar a produção. Nós, cacauicultores, não ficamos só na commodity, só vendendo para fora para os outros transformarem; a gente pode transformar o nosso produto”, explica.
A Cacau Xingu é uma das primeiras agroindústrias artesanais de chocolate do Pará com selo de inspeção da Agência Estadual de Defesa Adepará (Adepará). Além disso, o produto também aparece na Vitrine da Agricultura Familiar, portal ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) do Governo Federal.

A empreendedora conta que há uma relação afetiva com o cacau e o chocolate. Ela relembra que, aos cinco anos, plantou seu primeiro pé de cacau, e aos nove, fez seu primeiro chocolate. “Eu sou da agricultura familiar, a minha família também. Isso para mim é pertencimento, é motivo de orgulho produzir algo oriundo da agricultura familiar. O cacau e o chocolate fazem parte da minha vida, da vida da minha família materna e paterna, e também da família do meu marido. Cresci comendo chocolate 100%, e sempre tive o sonho de um dia fazer chocolate de qualidade”, conta ela.
Vinda de experiências no cooperativismo, sindicalismo e outros movimentos, ela ressalta que desde 2021 a família decidiu se dedicar exclusivamente ao negócio. Para ela, o fato do produto estar sendo comercializado na En-Zone representa um avanço para a agricultura familiar da região da Transamazônica, uma oportunidade de visibilidade para mostrar e vender a produção. “Isso, para nós que somos agricultores familiares, é de suma importância. Porque a gente até sabe produzir, mas temos dificuldade em comercializar o nosso produto”, explica Jiovana.
Orgulhosa de pertencer ao estado que é o maior produtor de cacau do Brasil, a empreendedora enfatiza que o cacau orgânico certificado contribui para o meio ambiente e representa um negócio sustentável. “Sem uso de veneno, sem uso de adubo químico, sem poluir o rio, sem poluir a terra, sem levar um produto contaminado às pessoas. Então eu fico muito feliz de ver meu produto aqui”, finaliza ela.

