Caldo de Turu, casquinho e panqueca de caranguejo, creme de pupunha, frango tempurá, peixe ao molho de camarão, filé marajoara e frito do vaqueiro estão entre os itens do cardápio do Solar do Bola, tradicional restaurante do município de Soure, na ilha do Marajó.
A gastronomia marajoara é muito influenciada pela bubalinocultura e o Chefe Claudomiro Maués, o Bola, é defensor da culinária tradicional e dos sabores tipicamente paraenses. “Defendo a cozinha autoral do estado do Pará, gosto de vender a história da Amazônia e da região em que nasci”, destaca o Chefe.
O empreendedor afirma gostar de coisas simples, mas com sabor aprimorado. “A cozinha do Pará é única, mas algumas pessoas estão deixando mais de utilizar técnica e usar do sabor, da essência. Esse é o meu trabalho, o que eu gosto de apresentar. Minha cozinha é essencialmente tradicional e cultural do Marajó”, destaca Bola.
Para o Chefe, trabalhar no segmento de alimentos é algo prazeroso, mas que exige comprometimento e seriedade. “A Gastronomia leva felicidade para a vida das pessoas, a comida acompanha as pessoas em cada momento do cotidiano. Mas requer amor e tempo, é preciso gostar do que faz”.
Propostas para trabalhar na capital não faltam, mas o Chefe de Cozinha afirma que para abrir um estabelecimento em outra localidade precisaria administrar de perto. “Não adianta só montar um ponto físico, quero garantir a qualidade. Não sou apenas cozinheiro, sou, também, empreendedor, inclusive estou construindo outras coisas aqui no município”.
O Restaurante Solar do Bola tem dez funcionários no restaurante, mas emprega outras dez pessoas em outro negócio, uma padaria – Solar Café.
Fotos: Carlos Borges
Projeção
O proprietário do Solar da Bola conseguiu chamar a atenção com seu trabalho, com projeção em programas de Tv nacionais, como o Fantástico e o Mais Você (Rede Globo), o Avisa Lá Que Eu Vou (GNT) e o Programa do Ratinho (SBT). Além disso, costuma receber profissionais da gastronomia de outros países, interessados na cozinha marajoara.
Para o empreendedor, o reconhecimento que tem hoje não foi planejado, mas sim obtido por meio da paixão pela culinária e pelo esforço dedicado aos negócios. “Tudo é consequência de um trabalho. Estou aqui em Soure, no Marajó, mas vem gente de todo o mundo aqui”.
Claudomiro explica que antes sentia um reconhecimento maior em âmbito nacional do que no estado do Pará, mas isso vem mudando. “Essa ideia foi desfeita há uns meses, quando uma professora de uma instituição paraense estava fazendo um evento para crianças com a temática cultural e um jovem aluno me escolheu como tema do trabalho dele, eu e o Filé Marajoara que produzo. Isso é sinal de que o trabalho está dando certo”, enfatiza.
O empreendedor afirma que já conquistou muitas coisas que almejava, mas um dos desejos que ainda tem é o de expandir os negócios e promover cursos gastronômicos para as crianças, uma vez que o Chefe sente uma conexão muito forte com o público infantil. Claudomiro pretende, inclusive, utilizar a experiência para ensinar receitas personalizadas para pessoas que possuem restrições alimentares, como, por exemplo, intolerância à lactose.
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Suporte
A história de sucesso de Claudomiro também é pontuada por momentos difíceis. “O empreendedor vive de altos e baixos. Antes, eu trabalhava com serviço de lanchonete aqui em Soure. Na década de 1990, vendia cerca de 500 lanches por noite. Houve um imprevisto e o negócio acabou. Foi uma situação difícil, acabei indo trabalhar em Manaus, mas nesse período comecei a fazer uma análise e vi meus erros e no que precisava melhorar. Aí, comecei a colocar em prática um plano para retornar ao Marajó e recomeçar”, lembra Bola.
Foi nesse cenário de recomeço que o Chefe Bola procurou por atendimento especializado e iniciou uma relação com o Sebrae no Pará. “Quando voltei para Soure, procurei o Sebrae visando melhorias para fortalecer os negócios e a instituição está na minha vida até hoje. Recebo apoio e orientação constante. A capacitação é essencial para qualquer empresário”, ressalta.
O empresário afirma que o fato de ter prestígio hoje se deve, também, ao suporte que teve do Sebrae durante todos esses anos. Além disso, reforça que todo empreendedor deve procurar se especializar e buscar aprimoramento constante.
“Todos os meus momentos com o Sebrae foram especiais, cada evento, cada ensinamento e até hoje sigo procurando a instituição e recebendo orientação”, finaliza.