A Casa Pará, espaço que integra a En-Zone, Zona do Empreendedorismo do Sebrae no Pará para COP30, se destaca pela programação voltada à valorização dos saberes tradicionais aliada à projeção da arte paraense como referência – e até tendência – em segmentos como a arquitetura e decoração. Até o dia 21 o espaço recebe exposições, performances, rodas de conversa e encontros com artistas da região. Na tarde desta terça-feira (11), o público acompanhou a exibição do curta-metragem ‘Mestras’, dirigido pela cantora Aíla e pela artista visual Roberta Carvalho, e o Açaí Talks, que trouxe como convidada a arquiteta Érica Siqueira.
Primeiro longa documental paraense a ser selecionado no Festival de Cinema de Gramado, ‘Mestras’ celebra o protagonismo e, ao mesmo tempo, ressalta a invisibilidade de artistas mulheres na preservação das tradições culturais do Pará, especialmente as ligadas à música, como Iolanda do Pilão, do samba de cacete; Miloca, do boi, e Bigica, do carimbó exaltado pelo grupo Sereia do Mar.
Na sequência, a arquiteta e muralista Erica Siqueira conduziu a conversa “As Cores da Amazônia e o Poder de Pertencimento na Criação Artística”, um apanhado de suas obras que estabelece uma simbiose com as cores marcantes na cultura ribeirinha, elemento que imprime uma identidade cromática à arte feita muitas vezes de forma amadora e autodidata, mas, que carrega uma sofisticação e um design contemporâneo.
“A oportunidade de ter a Casa Brasil aqui pela primeira vez em Belém, dentro da En-Zone do Sebrae Pará, que é uma zona voltada ao empreendedorismo, é muito importante porque a gente costuma ir para fora apresentar o trabalho dos nossos artistas e artesãos, mas, a gente aplica muito pouco isso aqui. Esse palco oferece essa possibilidade, de apresentar esses artistas aqui dentro de casa e implementar o que a gente aplica quando volta lá de fora. Então é sempre muito importante ter espaços como esses”, ressalta.
Para Érica, é preciso entender que essa arte – sejam as pinturas, o artesanato, a marcenaria – não são meros acessórios decorativos. “Eles são expressões da nossa cultura. Além disso, o projeto da Casa Brasil também é uma forma de evitar que algumas dessas manifestações possam desaparecer pela falta de valorização”, contou.
O olhar de Erica Siqueira voltou-se para a paisagem ribeirinha há cinco anos, quando foi desafiada a fazer palestras sobre cores do Sul e Sudeste do País. “Ali eu pensei: ‘Como é que eu vou explicar pra esse público o tanto de cor que eu uso de maneira que eles não achem brega, superficial.’ Aí eu fui me debruçar e entender qual era o meu repertório, qual era o meu dia a dia, porque eu era tão habituada com cores muito vibrantes… Me descobri gostando e sendo encantada de ter toda essa nossa cultura aqui como a base do meu trabalho”, relata.

A apresentação de Érica contou com a participação da amiga e cantora Juliana Sinimbu, que cantou A Capella de “Belém-Pará-Brasil”, clássico da banda paraense Mosaico de Ravena.
Na Casa Brasil o público é conduzido para experimentar um letramento de maneira lúdica desde a entrada, onde já entra em contato com a história do Cordão da Última Hora, representado pelas máscaras usadas no carnaval de rua de São Caetano de Odivelas. O espaço abriga manifestações diversas, como tipografia, tapeçaria, trançado, carpintaria e pintura.
“A Casa Pará faz uma imersão na raiz da nossa cultura. É um ambiente que estimula diálogos, traz discussões sobre os elementos culturais, mas, ao mesmo tempo, enseja que os artistas tenham uma relação de pertencimento, de regionalidade. Então, mesmo sendo um projeto autoral, nós solicitamos aos parceiros que ela tivesse uma adaptação específica pra esse momento da COP30”, ressalta Leda Magno, do comitê de organização da En-Zone.
A Casa Pará reserva ainda duas videoinstalações – das artistas Berna Reale, com May Day May Day, e Roberta Carvalho, com “Simbioses, Mas Resistência” – que vão ficar em looping. A arquibancada traz a assinatura de Erica Siqueira, e as cadeiras de Mestre Ednaldo. Também estão programados vários tours com o historiador Michel Pinho, que vai contar a história da cidade entremeada à trajetória desses artistas, trazendo um novo olhar sobre o que o Pará tem e o que é feito aqui. Os ambientes da Casa Brasil estarão abertos diariamente, das 16h às 22h, na En-Zone, instalada no Parque Urbano Belém Porto Futuro I.
A En-Zone é uma realização do Sebrae/PA, tem a operadora Claro como parceira de conectividade, patrocínio da Hydro e Sicredi e apoio institucional da Prefeitura de Belém, Governo do Pará e Governo Federal.

