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Trançados artesanais e cerâmicas representam o oeste paraense na FAC 2025

Artesãos da região encantam o público com peças que trazem inovação e sustentabilidade em suas criações
Por Bruno Magno
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Toda a riqueza do artesanato da região oeste paraense também está presente na Feira de Artesanato do Círio 2025 (FAC), que vai até a próxima quarta-feira (15), no estacionamento do Parque Urbano Porto Futuro, em Belém, com entrada franca.

É a partir da palha do tucumã que a artesã paraense Neida Pereira utiliza a arte milenar do Trançado dos Arapiuns para confeccionar peças utilitárias. A arte de trançar fibras é uma habilidade ancestral mantida até hoje pelas populações tradicionais, especialmente as do município de Santarém.

No estande da artesã é possível encontrar itens como cestinhas, luminárias, mandalas, descanso para panelas e até luminárias, criadas a partir da palha do fruto. “Para este ano, apostamos em peças que podem decorar ambientes como hotéis, restaurantes, casas, e sempre pensamos na sustentabilidade. No produto é 100% natural, extraído da natureza, e quando ele é descartado, volta para natureza, pois pode virar adubo”, enfatiza ela.

A artesã conta que os Trançados de Arapiuns resgatam a cultura indígena tanto na forma de trabalhar quanto na forma de grafismo e das cores empregadas. A palha de tucumã vem do broto do tucumanzeiro, uma folha cheia de espinhos e a primeira etapa do trabalho é o beneficiamento, com a remoção desses espinhos. Depois, a palha seca por três dias e passa a última noite na umidade do sereno, para ficar clara e macia. Já o tingimento das peças é preparado com plantas da flora local, como urucum, jenipapo e açafrão.

Cerâmicas tapajônicas produzidas por Jefferson Souza carregam a ancestralidade. Foto: Jader Paes.

Cerâmicas

Outras peças que representam a região podem ser encontradas no estande do artesão Jefferson Souza, da marca “Arte Tapajônica”. As cerâmicas produzidas por ele são réplicas de vasos, estatuetas e rostos humanos de 1.500 anos, que se caracterizam pelo zoomorfismo, estética principal da tribo indígena Tapajós, que habitava à beira do município de Santarém, e que dominava essa arte.

“Dessa vez eu trouxe para a FAC, réplica de peças que foram perdidas no incêndio do acervo do Museu Nacional, em 2018. Então, por meio de pesquisas, nós conseguimos fazer as reproduções delas e de alguma forma, trazê-las para o conhecimento público”, explica.

Entusiasmado, ele destaca que o trabalho de reprodução ajuda a democratizar o acesso às peças históricas e que está cursando mestrado na área de arqueologia. Em Santarém, o trabalho do artesão pode ser encontrado no Centro de Artesanato do Tapajós.

“Esse trabalho começou com meus avós, na década de 1930, e foi repassado de geração em geração, que aprenderam a arte da cerâmica e levaram para Santarém”, finaliza ele.

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