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Sebrae proporciona oportunidades de inovação na região do Xingu

Empreendimentos de Altamira apostam em solução inovadoras para conservar a floresta em pé 
Por Da Redação
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Antes associado aos grandes centros urbanos, o conceito de inovação vem ganhando destaque em locais distantes do ambiente cosmopolita. Em Altamira, município localizado no sudoeste paraense, iniciativas com focos inovadores vêm ganhando força, com apoio do Sebrae no Pará.
Na contramão de empreendimentos que saem da região amazônica para buscar financiamentos e se estabelecer nas grandes metrópoles, o empresário Marco Bonamico fez o caminho inverso. Biólogo e nascido na capital de São Paulo, se estabeleceu no Pará, mais especificamente no município de Altamira, e pretende fortalecer a empresa que leva seu sobrenome, fincando raízes na Transamazônica. A Bonamico Agroflorestal auxilia produtores rurais, orientando sobre a coleta de solo de cacau, fazendo relatórios sobre as propriedades rurais, além de orientar sobre cacau fino e ajudar com a regularização ambiental.

Mestre em ecologia aplicada pela Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, o empresário paulistano chegou em Altamira há aproximadamente cinco anos para trabalhar com cacau fino em uma empresa. Foi durante a pós-graduação que conheceu o Pará, fazendo pesquisa para a dissertação no município de São Félix do Xingu.

O relacionamento com o Sebrae no Pará se fortaleceu com a participação da empresa no projeto Negócios de Impacto Social (NISA), no ano de 2023. O NISA surgiu na vida de Marco quase no mesmo período em que começou a empreender. Atualmente, participa do Programa Inova Amazônia, outra iniciativa promovida pelo Sebrae/PA.

“Todo empreendedor precisa passar pelo Sebrae, é essencial. A instituição nos ajuda com especialistas, auxilia as empresas, desarma armadilhas do negócio. Só comecei a enxergar meu negócio como inovador ao participar do NISA, achava o conceito de startup algo muito distante, que envolvia tecnologia e conceitos como unicórnio”, afirma.

Marco afirma que a COP 30, a ser sediada na Amazônia em 2025, é algo relevante e que trará uma importante discussão sobre os impactos socioambientais na região e da importância de incentivar os produtores rurais a contribuírem na redução da emissão de gases de efeito estufa. “A COP é a joia da coroa para um processo de trabalhar a restauração no arco do desmatamento”, afirma o empreendedor.

O empreendedor frisa que tem comprometimento com o meio ambiente e que atuar na região amazônica não é por acaso. “A empresa foi criada com um propósito, as mudanças climáticas não podem ser ignoradas. Escolhi voluntariamente morar na Amazônia e trabalhar essa questão da restauração, então meu fronte é o da floresta. O planeta está com um grave problema ambiental, a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo”, finaliza.

O analista técnico do Sebrae, André Palmeira, reforça que é importante que as ideias de negócios inovadoras da localidade furem a bolha e se fortaleçam no mercado nacional e internacional. “No Xingu, existem empresas que fazem um trabalho destacado na área de inovação e, também, socioambiental, contribuindo significativamente para manter a floresta em pé”, destaca ele, que atua na Agência Xingu.

Restauração

Inventário Florestal, Manejo Florestal Sustentável, Crédito de Carbono, Regularização Ambiental, Assistência Técnica Rural e Georreferenciamento de Imóveis estão entre os serviços oferecidos pelo empreendimento Odorata Forest Carbon. A empresa é composta pelos proprietários e sócios Emerson Neves, João Miléo e Gustavo Spanner. Além de Altamira, o empreendimento já conseguiu atender outros municípios da região como Itaituba, Anapu, Brasil Novo e Medicilândia.

Nascido em Itaituba, na região Tapajós, Emerson veio para Altamira no ano de 2012 para cursar Engenharia Florestal e chegou a voltar para o município de origem. Retornou para a região Xingu há seis anos para trabalhar. O empresário afirma que a conexão com o ambiente rural vem da família.

“Meus avós paternos têm um histórico de trabalhar com o comércio e com o agronegócio, a família da minha mãe é da área da mineração e do garimpo. Meio que nasci com vontade de empreender e seguir esse caminho, a conexão com a floresta e com o ambiente rural vem de sangue”, conta ele.

Natural de Altamira, e, também graduado em Engenharia Florestal pela UFPA, João Miléo também traz um histórico familiar de atuação no âmbito rural. O pai tinha uma empresa que prestava serviço em eletrificação rural e ainda muito novo, o altamirense acompanhava o pai, rodando por regiões entre Rurópolis e Novo Repartimento.

O terceiro sócio, Gustavo, atualmente cursa pós-doutorado e trabalha de forma remota, atuando mais com projetos de pesquisa e trabalhos administrativos, a intenção é que futuramente ele assuma a parte de pesquisa e inovação.

Os empresários consolidaram a parceria com o Sebrae em 2023, tendo participado do NISA. “Conhecemos o NISA e nos inscrevemos. Aprendemos muito sobre assuntos como modelagem de negócios, MVP, acesso a investimentos, pitch, além de poder identificar quem é nosso cliente. Foi uma imersão, com mentorias e aulas, o aprendizado ficou. Estamos próximos ao Sebrae hoje, até por causa desse movimento do ecossistema de inovação”, frisa Emerson.
Emerson fala sobre os desafios de trabalhar com inovação distante dos grandes centros. “A região metropolitana tem mais acesso ao mercado de inovação, no interior ainda existem gargalos, não temos tanta visibilidade. Para nos destacarmos e termos investimentos, precisamos de editais, entrar em um programa, nem sempre dá certo, mas estamos buscando. A parceria com o Sebrae está nos ajudando para sermos notados”.

A Odorata é uma das iniciativas que está localizada na Incubadora Xingu. O empreendimento busca se posicionar no mercado no setor de crédito de carbono e em outros segmentos como restauração florestal.

Incubadora Xingu 

Coordenada pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sílvia Maia, diz que a Incubadora Xingu foi criada em 2018. Atualmente existem cinco empresas incubadas no espaço. “Ajudamos a construir uma estrutura de negócios para os primeiros passos dos empreendedores, aproximação entre academia e os diferentes atores do ecossistema de Inovação, promoção de ações que dinamizam o ambiente inovador como o fomento à cultura do empreendedorismo no ambiente acadêmico da UFPA de Altamira”, destaca.

A professora destaca o papel estratégico para conciliar o mundo acadêmico com o mercado. “O Sebrae é extremamente importante para o empreendedorismo da região e para a dinamização do sistema de inovação local. Sua larga experiência e expertise possibilitam a geração de renda, e a educação de jovens e adultos”, finaliza.

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