Cartazes do Círio e ilustrações de ícones amazônicos ganham vida com a câmera do celular; arames de alumínio que se entrelaçam e ganham a forma que a imaginação mandar; velas com cera do coco que protegem a imagem de Nossa Senhora de Nazaré… A 13ª Feira de Artesanato do Círio (FAC) vai muito além do tradicional em feiras dessa época do ano. Ela abre espaço também para a inovação.
Andando pelos corredores da FAC, é possível encontrar os cartazes e ilustrações do artista visual Luan Rodrigues, que participa pela segunda vez do evento. Ao primeiro olhar, suas criações parecem quadros comuns. Porém, basta passar a câmera do celular pelos impressos, que tudo se transforma. As imagens, até então estáticas, se enchem de movimentos e algumas até contam histórias.
Natural de Cametá, o artista sempre foi ligado em tecnologia. “Sou criado jogando videogame numa cidade que não tinha luz elétrica até um tempo atrás, mas sempre fui a criança curiosa e conectada com a tecnologia”, revela Luan. Ele conta que quando se mudou para Belém, há mais de 20 anos, começou a trabalhar com audiovisual e publicidade, se especializando em animação e videomap, que são projeções gigantes em fachadas.

“Em determinado momento, eu percebi que o meu trabalho se perdia na efemeridade. ( A partir do momento que a gente desligava o projetor, todo mundo ia pra casa e o trabalho acabava. E isso surgiu a ideia de transformar um frame da composição de animação em um print, em uma imagem impressa, pra que as pessoas pudessem levar pra casa”, explica, que é um dos líderes do projeto Camboa, criado há 10 anos.
Arame que se transforma em arte

Já o artesão Sérgio Melo transforma arames de alumínio em esculturas de todos os formatos e tamanhos com “três alicates”, como diz a sua esposa. Aliás, foi ela quem o incentivou a dar os primeiros passos nessa arte., há 12 anos.
“Começou com uma bicicleta e quem me descobriu e me incentivou foi a minha esposa. Ela falou: ‘Tu consegues fazer’. “Usei” o arame que eu tinha em casa, não era esse”, revelou o artesão, que aceitou o desfio e não parou mais de dar asas à sua criatividade.
“Aí, depois das bandejas, eu inventei essa técnica de trançado, que no caso pode fazer em qualquer bitola (espessura de arame). É ela que dá para preencher as estruturas que eu faço”, explica.
“Eu acho que o trabalho dele nem chega a ser artesanal. Eu acho que é uma arte, porque é uma técnica única dele e isso é um dom dele. Ele não aprendeu com ninguém”, diz orgulhosa a esposa, Poliana Rodrigues.
Essa é a primeira vez que ele participa da FAC, inclusive foi sua esposa quem o inscreveu. Ele também vende suas esculturas na Praça da República e pela internet. Suas obras já foram levadas para países como Portugal, Dubai, França e Alemanha.
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Velas que exalam encantos de Maria

Desde a adolescência, Gabriela Mouta empreende. “A minha mãe tinha um café da manhã. Então, desde os 14, 15 anos eu já a ajudava, eu que enfeitava as cestas”, recorda. Porém, depois de uma promessa feita após o parto complicado de sua filha, ela começou a se dedicar à arte mariana, criando a marca Encantos de Maria. Tem só três meses. Foi então que ela começou a desenvolver velas aromáticas a partir da cera de coco, ornamentadas com pedrarias. Algumas possuem luzes de LED. Além da cera de coco, ela também produz velas com gel.
“Em 2020, na pandemia, eu engravidei e eu e a minha filha quase morremos no parto. E aí eu fiz uma promessa para nossa senhora que eu ia trabalhar com alguma coisa dela. Aí foi quando eu me voltei novamente para o artesanato, comecei a fazer os cursos das velas. E, aí, me inscrevi na FAC, com a esperança de conseguir uma vaga”, relata.
Gabriela é formada em Psicologia e chegou a trabalhar em algumas empresas na área de vendas. Além disso, ela tem uma ótica desde 2016, mas o artesanato sempre esteve em sua vida.