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Fotos: Carlos Borges
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Num primeiro olhar, algumas peças comercializadas pelo artesão Mateus Silva, de 27 anos, do ateliê Mattino, parecem conter única e exclusivamente porcelana. Mas, são cerâmicas amazônicas, que recebem um acabamento esmaltado e técnica de pintura aquarelada, criada há mais de 2 mil anos na China e difundida pelos europeus.

Arquiteto de formação, o empreendedorismo e o artesanato entraram na vida do jovem marabaense durante a pandemia, como uma alternativa para se manter em Belém, uma vez que tinha decidido continuar morando na capital.

“Eu já tinha um vínculo com a cidade e durante o Círio de 2022, que foi o primeiro Círio que eu estava em casa, veio um devaneio de pintar a imagem de Nossa Senhora em pratinhos artesanais e nisso eu postei uma foto na internet. Então, começaram a pedir um, pedir dois; veio a terceira encomenda, a quarta… Quando eu vi, eu já estava com cem pratos feitos. E hoje, eu me considero um artista”, relembra o artista, que hoje vende suas peças para países como Itália, Inglaterra, Portugal, Estados Unidos e para quase todos os países da América do Sul.

Mateus e sua equipe, com quem trabalha na comercialização de seus produtos na Feira de Artesanato do Círio 2024

Junto com o artista, também nasceu um empreendedor criativo e resiliente, que está sempre em busca de aperfeiçoar a matéria-prima que dá forma às suas ideias, na busca incessante por uma cerâmica mais resistente.

“Eu comecei trabalhando com porcelana, mas eu tive uma grande necessidade de evoluir para algo mais artesanal, que fosse do zero, tanto da matéria-prima quanto do produto final. Foi quando eu comecei a fazer isso tudo de cerâmica terracota de Icoaraci. Consegui comprar meu forno, vendendo as peças na internet, e agora tenho um forno profissional no meu atelier e eu produzo minhas peças no meu próprio atelier, 100% feitas por mim”, resume.

Para chegar a esse resultado, porém, Mateus precisou realizar muitos testes, numa sucessão de tentativas, erros e persistência, até encontrar o ponto certo de uma cerâmica tão resistente quanto porcelana. Assim, conseguiu chegar a um produto exclusivo, desenvolvido por ele próprio: uma cerâmica esmaltada em alta temperatura.

“Para fazer com que a argila daqui fosse utilizada para aguentar altas temperaturas, que não trincasse, eu tive muito estudo de técnica, de mistura para deixar a argila mais leve, deixá-la sinterizar mais, foram vários estudos com professores da UFPA. Eu frequentei muitas olarias e hoje eu consegui desenvolver uma peça com uma qualidade de esmaltação que pode ser comparada com peças vendidas em lojas. E meu objetivo é conseguir é aprimorar cada vez mais, tanto na técnica de pintura, que eu decoro, quanto a qualidade da peça, para se tornar um utilitário de alta resistência”, conclui.

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