O Mês do Orgulho LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais/Transgêneros/Travestis, Queer, Intersexual, Assexual, Pansexual), celebrado em junho, traz à tona debates importantes sobre inclusão, diversidade e respeito. Cada vez mais esse movimento tem ganhado força também no universo dos pequenos negócios. Um estudo inédito do Sebrae, com base em dados do IBGE, revelou que 55% dessa população no Brasil empreende ou demonstra potencial empreendedor. Isso representa aproximadamente 3,7 milhões de pessoas que já lideram o próprio negócio no país.
A motivação principal para essa jornada está na busca por independência, controle sobre o ambiente de trabalho e melhores condições financeiras. Para Alexandre Alves, coordenador da Agência Metropolitana do Sebrae no Pará, a diversidade deve ser tratada como um valor essencial desde o início de qualquer negócio.
“A diversidade precisa estar presente desde o início do pequeno negócio, não como algo opcional, mas como parte da essência do empreendimento. Respeitar e valorizar a diversidade fortalece a imagem do negócio e amplia as possibilidades de mercado”, destaca Alexandre.
Ainda de acordo com Alves, os pequenos negócios têm um papel estratégico na promoção de um ambiente mais inclusivo. “Mesmo nos pequenos negócios, é possível adotar práticas simples e eficazes, como processos seletivos inclusivos, comunicação respeitosa e capacitação da equipe. O mais importante é ter o compromisso com o respeito e a equidade”, completa ele.
Além da responsabilidade social, a diversidade também pode impulsionar a inovação e melhores resultados, já que ambientes inclusivos favorecem a criatividade, a empatia e a conexão com um público cada vez mais atento às causas sociais.
“Empreendedores de pequenos negócios que se posicionam a favor da diversidade não apenas fazem o certo, mas também constroem uma imagem de marca mais forte e conectada com os valores da sociedade atual”, conclui Alexandre.

Espaço
O levantamento mostra ainda que quatro em cada dez pessoas LGBTQIAP+ afirmaram que a orientação sexual e a identidade de gênero influenciaram diretamente a decisão de empreender. Para muitas delas, empreender é também uma resposta à busca por ambientes mais seguros. É o exemplo do artesão paraense Tiago Elarrat, que está à frente da Casa Belém Acessórios. Ele cria colares, brincos e cordões feitos a partir de materiais como fios, fibras e sementes encontradas na Amazônia.
“Essa vivência nos tornou mais empáticos e atentos às realidades plurais das pessoas, o que reflete diretamente na forma como conduzimos nossa marca — desde a comunicação até as escolhas de fornecedores e colaboradores. Também sentimos que nossa trajetória inspira outras pessoas da comunidade a acreditarem que é possível ocupar espaços de liderança, inovação e sucesso, sem renunciar a quem somos. Empreender, para nós, é também uma forma de resistência e de transformação social”, conta ele.
Tiago Elarrat acredita que, apesar do mercado estar mais aberto à diversidade, o espaço para empreendedores de pequenos negócios LGBTQIAP+ ainda é desigual no Pará e no Brasil.
“O mercado está, sim, mais aberto à diversidade, mas o avanço ainda é desigual. Grandes marcas têm adotado políticas inclusivas, mas muitos negócios ainda carecem de ambientes seguros e oportunidades reais para pessoas LGBTQIAP+. Para fortalecer o empreendedorismo da comunidade, são fundamentais políticas públicas de inclusão, acesso a crédito e capacitação, programas de mentorias e uma atuação mais firme das empresas com lideranças diversas e metas claras de diversidade”, conclui ele.