Em 19 de novembro comemora-se o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino e o Pará é um dos estados com a maior taxa de empreendedorismo entre as mulheres. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA), a taxa de empreendedorismo feminino no Estado do Pará é de 13,5% em relação à
população feminina em idade ativa. No ranking nacional, o Pará fica atrás apenas de Santa Catarina, que registrou taxa de 13,8%. Os dados são do 4º trimestre de 2023.
Com formação em Administração de Empresas, Direito e Marketing, a empreendedora paraense Noanny Maia, de 38 anos, ajuda a encorpar essa estatística. Ao lado da mãe e das duas irmãs, Noanny começou a empreender em 2018, mas foi em 2021, após a morte do pai por covid-19, que ela e as irmãs voltaram à terra natal e passaram a empreender na propriedade dos pais, no cultivo do cacau. Elas são donas da Cacauare Amazônia Comércio e são a quarta geração de produtores de cacau na família.
“Empreender é muito desafiador, ser mulher empreendedora é muito complexo porque a gente lida com vários problemas, desde a aceitação do público, até a validação da nossa competência. Então, acho que este é um dia que a gente tem de unir as nossas inciativas e tem de celebrar a nossa rede, por sermos tão corajosas, por termos tanta garra, por incentivamos a melhoria de lugares e de territórios e de pessoas”, diz Noanny, que é finalista da etapa nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, cuja final será realizada no dia 21 de novembro, em Santa Catarina.
Incentivo ao empreendedorismo feminino
De um modo geral, o papel dos Pequenos Negócios – que englobam Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) – na economia paraense tem grande destaque. Hoje, representam mais de 95% das empresas do Pará. Nesse contexto, o empreendedorismo feminino tem recebido atenção especial, refletida na criação e desenvolvimento de políticas públicas e ações específicas para o seu fomento, como o Programa Sebrae Delas.
“Estimular o empreendedorismo feminino nos permite discutir sobre vieses inconscientes de gênero (são padrões de pensamento que influenciam nossa tomada de decisões e comportamentos) e o quanto eles contribuem na definição de questões referentes à ascensão da mulher no mercado de trabalho, como ter acesso à promoção na carreira ou ainda em conseguir acesso à crédito, por exemplo”, pondera a analista técnica do Sebrae no Pará, Isabelle Eleres, que é a gestora estadual do Programa Plural – Sebrae Delas.
Por isso, é uma prioridade estratégica para o Sebrae no Pará o desenvolvimento de ações específicas para as mulheres, a partir do Programa Sebrae Delas, de maneira a auxiliá-las no aperfeiçoamento da gestão empresarial e, principalmente, no desenvolvimento das competências socioemocionais.
O Programa é desenvolvido no estado desde 2022 e este ano já atendeu 2.750 mulheres em 75 municípios paraenses com ações de capacitação, consultoria, mentoria, encontro de conexões, fortalecendo os negócios liderados por mulheres.
Presença marcante
O Pará é também um dos estados em que a presença da mulher empreendedora é mais significativa. A pesquisa também constatou que 34% dos empreendimentos paraenses são comandados por mulheres, sendo que 87% delas empreendem por conta própria (não têm empregados) e 13% têm pelo menos um empregado. Elas empreendem principalmente nos setores de Serviços (48%), Comércio (33%), Indústria (13%) e Agropecuária (5%). Quanto à raça, 77% se autodeclararam negras, 22% se autodeclararam como brancas e 1% de outras raças.
Essas iniciativas têm feito a diferença ao longo dos anos. No que diz respeito ao rendimento médio das mulheres donas de pequenos negócios em relação aos homens do mesmo grupo, a pesquisa identificou redução na diferença entre ambos os sexos nos últimos 10 anos. No recorte nacional, o rendimento médio dos homens donos de negócios em 2012 era de R$ 3.327, enquanto o das mulheres era de R$ 2.319; já em 2023, o rendimento médio dos homens era de R$ 3.432 e das mulheres, de R$ 2.634. Dessa forma, o rendimento médio das mulheres donas de pequenos negócios é 30,3% inferior ao dos homens. Em 2012, essa diferença era de 43,5%. Em pouco mais de uma década, essa diferença reduziu em 13,2% no Brasil.