O Sebrae no Pará realizou, na programação da COP 30, um encontro especial dedicado à apresentação da Rota Combu, um dos mais emblemáticos exemplos de turismo de experiência aliado à bioeconomia na Amazônia. O evento reuniu empreendedores, guias de turismo e representantes da comunidade, criando um espaço de diálogo sobre como a ilha, situada a poucos minutos de Belém, se tornou referência na integração entre conservação ambiental, geração de renda e vivências autênticas.
O evento mostrou que a Rota Combu é resultado de um processo construído “por pessoas para pessoas”, como destacou Mário Carvalho, empreendedor e coordenador do Comitê de Turismo Sustentável da Ilha do Combu. “Nós representamos o braço das empresas de receptivo credenciadas, que conduzem o turista dentro dessa experiência. A rota foi pensada para mostrar quem vive na ilha, suas histórias, sua relação com a floresta e como isso tudo se conecta com a economia da região”, explicou.
Para Analice Moura, a rota é uma forma de mostrar aos visitantes que a ilha é um território vivo, com tradições e saberes ancestrais. Ao falar sobre a Casa Igara Artesanal, um dos primeiros pontos da rota, Analice emocionou o público ao destacar a história de Charles, anfitrião do espaço. “Durante muito tempo, o trabalho dele era derrubar a floresta. Ele foi operador de motosserra, vivia disso. Mas aquilo não fazia bem nem para ele, nem para a família. Quando ele decidiu mudar e passou a usar apenas os recursos do seu próprio quintal, ele transformou a vida dele e a de toda uma cadeia que envolve barqueiros, coletores de açaí, extrativistas e agricultores. É uma história de resiliência que marca qualquer visitante”, afirmou.
Os participantes reforçaram que o diferencial da rota está na possibilidade de vivenciar o cotidiano ribeirinho de maneira segura, sensível e educativa. “A gente cresceu ouvindo que não podia ir para o mato de noite. E hoje a rota mostra que pode – com conhecimento, com cuidado, com a comunidade conduzindo”, disse Péricles Carvalho, gerente de Inovação e Soluções no SEBRAE/PA, lembrando que as trilhas noturnas são um dos momentos mais marcantes para quem visita o Combu.
A programação também destacou a organização conjunta que envolveu empreendedores tradicionais da ilha, alguns com atuação desde 1982, e novos negócios alinhados à bioeconomia. O Sebrae reforçou que o objetivo foi estruturar um percurso que equilibrasse o desenvolvimento econômico com sustentabilidade e valorização cultural. “O Combu representa a vida na Amazônia de forma autêntica. Nosso papel foi apoiar para que essa autenticidade chegasse ao turista de forma organizada, segura e sustentável”, pontuou Perícles.
Com o aumento do interesse pela Amazônia devido à COP 30, a Rota Combu se apresenta como uma oportunidade única de compreender, na prática, como a economia da floresta se integra ao dia a dia dos ribeirinhos. Tradições como o manejo da andiroba, o cultivo do açaí e a culinária típica às margens do rio Guamá são parte de uma experiência que revela o modo de vida amazônico em sua plenitude.
O evento de apresentação da rota dentro do espaço Sebrae reforçou que o turismo sustentável na Amazônia depende do protagonismo das comunidades, do fortalecimento dos negócios locais e da valorização das histórias que fazem o território pulsar. A Rota Combu, nesse contexto, chega como símbolo de transformação, pertencimento e futuro para o turismo amazônico.

