Neste sábado (15), dentro do espaço do Sebrae na Zona Verde, no Parque da Cidade, um público formado por paraenses e turistas pôde conhecer histórias de empreendedoras que, por meio da produção de chocolate, transformaram não só as próprias vidas, mas os territórios onde vivem. O painel “Projeto multissetorial sobre o desenvolvimento e cooperação” destacou as trajetórias de Cleide Suk, da marca Chocolates Suk, e Jiovana Lunelli, da empresa Cacau Xingu. Também participaram da conversa a moderadora Paula Couceiro, analista do Sebrae no Pará, e Maria Lucimar Souza, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
As produtoras Cleide Suk e Jiovana Lunelli, ambas da região do Xingu, são atendidas pelo projeto Sustenta e Inova, financiado pela União Europeia e realizado no estado por quatro instituições, entre elas o Sebrae/PA. Alguns objetivos do projeto são criar e promover práticas agrícolas inovadoras e sustentáveis, buscando conservar a biodiversidade e desenvolver cadeias de valor na Amazônia, com foco na redução do desmatamento e na adaptação às mudanças climáticas.
Jiovana Lunelli contou que ao ser procurada para receber o apoio do Sebrae/PA, tinha certeza de que deveria preservar a identidade local. “Nós estamos na Amazônia, então eu não posso fazer um chocolate de morango, de pistache. A gente tem que dar protagonismo à Amazônia, tem que valorizar os produtos amazônicos”. Esse orgulho está em todos os processos da Cacau Xingu, inclusive nas embalagens. “As nossas caixinhas são lindíssimas. Elas mostram os animais do sistema agroflorestal porque é pra fazer essa correlação, pra mostrar a importância da agricultura familiar, da biodiversidade”, contou.
“O Sustenta e Inova foi um divisor de águas na minha vida e da minha família. Quando o recurso é bem administrado, ele faz a diferença na sua vida, como fez a diferença no Cacau Xingu. Esse momento aqui é só de gratidão, por ter esse espaço de visibilidade. De nada adianta incentivar a produção e não nos dar visibilidade. Nós estamos aqui, resistindo, temos um produto de qualidade, tão bom ou melhor do que outros que estão no mercado, porque o nosso é feito com cacau orgânico, agroecológico e certificado desde 2006”, disse Jiovana Lunelli.
Cleide Suk também listou os benefícios trazidos pelo projeto Sustenta e Inova. “Eu pude chegar a um produto de chocolate que traz essa essência amazônica e sem devastar, sem agredir, mas cuidando pra que esse produto não se esgote. O Sebrae/PA também foi um divisor de águas pra mim. Isso é um orgulho imenso: ter órgãos que acreditam em nós, nos agricultores familiares, e que sabem que nós não somos as pessoas que degradam. Vamos respeitar a Amazônia e vamos acreditar em quem acredita nela!”, afirmou, sendo muito aplaudida pelo público.
A dona da marca Chocolates Suk destacou que as parcerias reforçaram o que ela já tinha em mente. “Se não fosse o Sustenta e Inova, o Sebrae/PA, eu poderia até chegar à construção da fábrica, comercializar o meu produto, mas isso levaria anos, porque eu sou uma agricultora familiar. Eu digo que esse projeto revolucionou a região da Transamazônica”.
Bebel Abreu, que veio de São Paulo à capital paraense para divulgar o livro “Viagem a Belém”, elogiou as participantes da conversa. “Estou muito feliz de ver um painel feito só por mulheres falando de agricultura familiar, entendendo como é importante que o Sebrae/PA apoie esse tipo de iniciativa, porque muitas vezes a gente fica sem orientação. Eu também sou dona de um negócio pequeno, uma editora, e eu muitas vezes sinto falta de uma orientação mais profissional e eu sei que o Sebrae fornece isso. Aqui, no contexto da COP, é muito bonito ver como realmente florescem os projetos a partir desse apoio”.
O espaço do Sebrae na Zona Verde receberá outros painéis até o encerramento da Conferência do Clima, em 21 de novembro. A entrada no Parque da Cidade é gratuita.

