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Fotógrafas discutem narrativa amazônica e protagonismo feminino

Encontro no Açaí Talks apresenta trabalhos de Walda Marques e Patrícia Brasil e reforça a importância de mulheres na construção das imagens da região
Por Ádna Figueira
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O Açaí Talks, roda de conversa que recebe artistas e formadores de opinião da região para um diálogo com a participação do público dentro da programação da Casa Pará, instalada na En-Zone, zona do empreendedorismo do Sebrae Pará, abriu espaço para dois temas transversais que convergem para o mesmo caminho: a imagem da Amazônia na COP30.

“A fotografia sob o olhar feminino na Amazônia” trouxe Walda Marques e Patrícia Brasil para um bate-papo com a jornalista Trisha Guimarães, co-idealizadora da Casa Pará. Com um trabalho reconhecido nacionalmente e uma carreira pavimentada ao longo de mais de 30 anos na fotografia, Walda Marques buscou as memórias do início de sua caminhada para falar da paixão pela arte de capturar e eternizar a beleza vista nas coisas e pessoas em redor em um clique de segundos.

Com passagens pelo teatro e pela dança, foi como maquiadora na TV Cultura do Pará – a citar, primeira contratada pela emissora – que ela desenvolveu o interesse por produção e vídeo, o que mais tarde serviria como base para o trabalho que faria na fotografia, revelando as muitas nuances do universo feminino. Walda faz questão de ressaltar que as mulheres são sua principal matéria-prima.

A série mais recente de imagens produzidas foi com as mulheres que atuam nas casas de farinha da comunidade de Camutá, em Bragança, resultado de quase um ano de pesquisas em campo. Outra série que rendeu registros exibidos à plateia do Açaí Talks foi captada em Volta Grande do Xingu, com indígenas da etnia Arara.

Patrícia Brasil também reuniu alguns de seus trabalhos, que revelam um olhar particular sobre o cotidiano amazônida, especialmente das comunidades ribeirinhas. “A nossa história precisa ser contada por nós. A gente tem que olhar pro que é nosso, valorizar o que é nosso e se envolver com o que é nosso”, ponderou.

Com base na premissa de que toda arte é política, nunca neutra, ela destacou a necessidade de uma presença maior das mulheres na fotografia. Dados da Women Photographer mostram que cerca de 85% dos fotojornalistas profissionais são homens. “A gente tem que pensar muito sobre o tipo de imagem que a gente vê, e a imagem feita por mulher é muito diferente. Porque tudo que a gente olha forma repertório, forma pensamento. A imagem constrói muito do que a gente é, e nós precisamos cuidar disso”, defendeu.

Paralela a outras iniciativas que vão mostrar o potencial do empreendedorismo brasileiro para o mundo, a Casa Pará faz uma síntese da cultura amazônica, promovendo um encontro entre tradição e contemporaneidade traduzido em espaços como o pavilhão de miriti, desenvolvido pela Guá Arquitetura, e o Atelier Miriti Sustentabilidade, estrutura que já integrou a Bienal Internacional de Arquitetura.

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