Na tarde desta terça-feira (18), o painel “Moda Amazônia: futuros sustentáveis para pequenos negócios”, realizado na Casa Brasil, destacou como a moda pode atuar como protagonista na construção de uma consciência ambiental, ao valorizar a Amazônia como território de saberes, identidades e práticas sustentáveis.
Participaram do bate-papo o estilista Marco Normando e o artista visual Emídio Contente, que dirigem juntos a Normando, marca de alta costura com inspirações amazônicas e uso de matérias-primas sustentáveis vindas de comunidades extrativistas locais. A mediação foi conduzida pelo comunicador e pesquisador cultural paraense José Kaeté, influenciador conhecido como Zé na Rede.
No painel, o empreendedor disse que ao utilizar a marca com mais de cinco anos de mercado, tem como objetivo reforçar os propósitos da Normando. A ideia é oferecer ao público peças que expressem a conexão com a origem paraense, mas que também dialoguem com o mundo. “A gente conseguiu trazer muito dessa representatividade do Norte e se inserir nesse mercado de moda, que é um mercado muito difícil”, explicou Marco Normando. O estilista destacou ainda que, para chegar às peças originais, é necessário muito estudo e pesquisa, aliados ao domínio do básico da criação, como a modelagem.
“Tudo que a gente faz na Normando, a gente busca um conhecimento, seja através de curso, de leitura mesmo, de algo mais autodidata, mas que vá através de pesquisas para conseguir ter esse entendimento e esse local de voz e diálogo com essas outras pessoas”, completou.

Com temas ligados à história paraense e à fauna amazônica, como as já conhecidas camisas de vitória-régia, a marca tem conquistado destaque nas passarelas do São Paulo Fashion Week e vestido celebridades pelo país. Um dos desafios da Normando é tornar os códigos regionais amazônicos presentes e reconhecíveis em suas coleções, levando a presença simbólica da Amazônia por onde as peças chegam. Outra consciência que faz parte da essência da marca é a durabilidade: para os criadores, a roupa deve durar, e não ser descartável.
Insumos e inovação
Os materiais e insumos utilizados pela marca reforçam esse compromisso ambiental. Entre eles estão algodão sustentável, linho certificado e látex — material de origem vegetal, biodegradável e capaz de substituir o couro animal e o plástico — todos vindos de comunidades extrativistas. Além disso, sementes de jarina e fibras de juta e malva orgânica, provenientes da agricultura familiar, também compõem o processo criativo da Normando. Marco destaca que, para adotar esses materiais, é preciso questionar constantemente: por que usar novos materiais?
Empreender é coletivo
Com um ateliê instalado em São Paulo, os dois dirigentes criativos ressaltaram a importância de empreender com consciência e formalização. Também reforçaram que empreender não é um processo individual, mas coletivo, ressaltando o papel do Sebrae/PA como apoiador e onde encontraram diversas ferramentas para o seu negócio.
Emídio Contente destacou o valor da regularização: “É um momento que você sente assim: ‘nossa, meu negócio existe, ele tem corpo, ele está no mundo, eu estou legalizado’. Enfim, a formalização é algo extremamente importante”, disse ele.

