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Grupo de mulheres produz artesanato a partir da fibra de bananeira

Produtos podem ser adquiridos na FAC 2024 que vai até a quarta-feira (16) em Belém
Por Redação
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Na comunidade Arienga-Rio, fronteira entre Abaetetuba e Barcarena, 14 artesãs formaram o Grupo Mulheres de Fibras há quase dois anos. A produção delas utiliza como base a fibra da bananeira que resulta em peças como agendas, abanadores, chaveiros, cestas, bolsas, quadros decorativos, cachepôs (um tipo de cesta regional), biojoias e adereços de crochê. Todos estão expostos no estande do grupo na 12ª edição da Feira de Artesanato do Círio (FAC), no Parque Porto Futuro, em Belém, que vai até quarta-feira (16).

A história delas começou após a pandemia, quando Jéssica Santos, líder do grupo, reuniu algumas mulheres da comunidade com o propósito de se aconselharem mutuamente. A partir desse encontro, perceberam o potencial de trabalharem juntas no artesanato, algo que faziam individualmente. “A ideia foi chamar as mulheres da comunidade para ouvirem umas às outras e se fortalecerem. O grupo foi ficando conhecido”, explica Jéssica.

Para que o trabalho com a fibra de bananeira fosse possível, as artesãs contaram com a orientação da pesquisadora da ONG Vital, Edicleia Gutierrez, que tinha um projeto sobre o uso da bananeira e o apresentou ao grupo. Juntas, estudaram e testaram as fibras. Segundo Jéssica, nem a pesquisadora, nem as artesãs sabiam como utilizar a matéria-prima inicialmente, mas o conhecimento foi se construindo em parceria.

Parceria de fibra

O Projeto Mulheres de Fibras, idealizado por Edicleia Gutierrez, é voltado para a bioeconomia na Amazônia. “É um projeto que estimula as mulheres da comunidade a empreenderem em diversas áreas, como agricultura familiar e artesanato, o que potencializa o protagonismo feminino nos negócios”, conta Edicleia. “O projeto usa a fibra da bananeira para fazer artesanato, promovendo o desenvolvimento sustentável e agregando valor econômico aos recursos naturais com a participação das comunidades locais.”

A iniciativa, que preza pelo respeito ao meio ambiente e pelos conhecimentos tradicionais, também fortalece a economia local e é fonte de renda para as artesãs. As empreendedoras já fazem parte do Conselho Municipal de Economia Solidária de Barcarena, recebem alunos da UFPA de Abaetetuba para atividades de Turismo de Base Comunitária, além de participar da FAC 2024, conforme relata a pesquisadora.

As fibras são retiradas de bananeiras das variedades branca e roxa. Elas são divididas em diferentes tipos: a seda, que tem textura similar ao papel; a renda, que lembra fitas de juta usadas no Natal; o retalho, com aparência de talas; e o “filé”, uma espécie de linha extraída das bordas da fibra, resistente, sendo usada para peças de crochê e costura. Algumas peças artesanais também recebem adornos com sementes, coratás do inajá, detalhes em miriti e outros materiais encontrados na comunidade, o que contribui para movimentar a economia local.

Durante um ano, elas testaram a produção de papel a partir da fibra, mas devido à falta de materiais, o processo não avançou. Atualmente, a pesquisa com o papel está em fase de aperfeiçoamento. “Começamos juntando ideias de cada mulher, porque cada uma já trabalhava com artesanato”, explica Jéssica. Assim, uma variedade de produtos foi criada, incluindo crochê, esculturas, chaveiros, bolsas e chapéus. As técnicas foram ampliadas, incorporando bordados, pinturas, madeira, cipó, sementes entre outras.

Cultivo e parceria

Além da produção artesanal, as mulheres contam com uma parceria com o Instituto Piabirá, que auxilia no cultivo da bananeira. Foi desenvolvido um sistema agroflorestal que permitirá às artesãs não só produzirem fibra, mas também plantar para colher e vender o fruto, ampliando sua atuação para o ramo alimentício. A expectativa é que no futuro seja produzido geleias, bolos e doces. “Queremos envolver outras mulheres da comunidade, formando uma rede que agregue mais participantes no processo”, comenta Jéssica.

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Relação com o Sebrae

O contato das Mulheres de Fibras com o Sebrae ocorreu por meio de Milena Silva, Analista de Negócios da instituição em Abaetetuba. Ela conheceu o projeto por intermédio da pesquisadora Edicleia Gutierrez. Jéssica contou que Milena visitou o grupo, conversou com as artesãs e avaliou o trabalho. Isso abriu portas para que o grupo participasse de eventos como a Feira de Negócios de Abaetetuba e a FAC 2024.

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  • Artesanato; Fibra; FAC; Círio de Nazaré