Eles fazem parte da paisagem marajoara e do dia a dia de quem vive na maior ilha fluviomarítima do mundo: o búfalo do Marajó, que se integrou ao cotidiano local e ganhou fama nos roteiros de viagem para a ilha. Um dos empreendimentos que permitem essa vivência e experiência imersiva com esses animais, é a fazenda Mironga, localizada em Soure.
O diferencial para quem visita a Fazenda Mironga, que existe há 47 anos, é justamente o contato do público com o búfalo. Quem visita o espaço pode desfrutar da “Experiência Mironga”, uma trilha que mostra ao turista a história, a criação e a importância dos búfalos para a cultura marajoara, além de propiciar contato direto com o animal.
Gabriela Gouvêa, filha de Tonga – o proprietário Carlos Augusto Gouvêa, é a presidente da Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó (APLQM) e responsável técnica do espaço. Gabriela enfatiza a experiência sensorial com o animal. “Eu digo que o Marajó tem que ser sentido, tem que viver ele. A gente consegue usar os sentidos, como tocar o búfalo, ouvir os sons, sentir o cheiro e comer os alimentos”, explica, ao ressaltar que o objetivo é estreitar a relação das pessoas com o búfalo, uma história de mais de 250 anos, tempo em que se produz o famoso queijo do Marajó.
A empreendedora relata que no mês de julho o local recebe muitas visitas, devido às férias escolares. Por outro lado, ela afirma que nos meses de setembro e outubro, a Mironga tem muitas visitações de turistas internacionais. “A intenção do nosso trabalho é que as pessoas venham comer o queijo aqui”, reforça.
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A Experiência
Na vivência, que dura cerca de duas horas, são contadas histórias sobre a chegada dos búfalos ao arquipélago paraense, as raças existentes do animal na região, além de o público ter experiência com ordenha e montaria. “Também Falamos da importância do búfalo para os nossos ecossistemas, do queijo do Marajó, como ele é importante não só economicamente para ilha, mas histórica e culturalmente”, complementa.
A programação também inclui degustações e café com quitutes regionais. Dependendo da natureza do dia, é possível aliar a experiência ao pôr-do-sol. Além do queijo do Marajó, é possível experimentar o doce de leite, a manteiga e o pão de queijo produzidos de derivados do leite da búfala, entre outras guloseimas.
O público que visita a Fazenda também pode degustar a variedade de frutos da região. Isso porque, todas as frutas disponíveis são de produção própria. Quem quiser entrar e comprar tem livre acesso, pois a fazenda está sempre com a porteira aberta.
Gabriela também fala sobre outras vivências possíveis na Fazenda Mironga. “É possível conhecer a sala de produção do queijo, saber um pouco como foi essa adaptação de tecnologia, algo essencial para manter a qualidade do produto, mas sem perder a essência”.
Futuramente, a ideia é transformar o espaço e as vivências do local, como a experiência com o queijo e o búfalo, em um centro de pesquisa.
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Indicação Geográfica
Em 2021, o queijo do Marajó conquistou o Selo de Indicação Geográfica – um reconhecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que agrega valor aos que produzem queijo de leite de búfala na região.
Gabriela enfatiza que o Sebrae teve papel fundamental para a conquista. “Todo o início da construção do processo de legalização foi estimulado pelo Sebrae, quem nos organizou coletivamente, além de fazer o diagnóstico”, relembra.
Formada em Tecnologia de Alimentos e mestre em Desenvolvimento Sustentável, Gabriela afirma que procurou conhecimento para dominar o assunto e poder contribuir localmente. “Estudei muito para entender sobre Indicação Geográfica, quis ter domínio do assunto”, afirma.
Os planos para o futuro não se limitam à exportação, mas ao desenvolvimento territorial do local. “A nossa intenção não é expandir o mercado do produto em si. Apesar de tudo girar em torno do queijo, a gente acredita que existem formas mais justas de mercado, como o turismo. Em vez de você vender um queijo para uma pessoa, você consegue beneficiar vinte pessoas. Com o turismo a gente consegue movimentar o trade como um todo: guias, condutores, taxistas, mototaxistas, além dos receptivos locais”, finaliza.
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