A palmeira do miriti está presente em várias partes da região amazônica, mas virou um expoente do município Abaetetuba, sendo sua fibra utilizada na produção de peças e brinquedos que fazem a alegria das crianças e encantam os adultos. Os produtos feitos com a palmeira podem ser encontrados tanto no formato tradicional como em modelos inovadores na décima primeira edição da Feira de Artesanato do Círio, que ocorre até o próximo dia 11 de outubro no Estacionamento do Parque Porto Futuro.
Francisco Carneiro é artesão e trabalha com miriti há 40 anos. O pai de Francisco, nascido na Comunidade Rio Furo Grande, era carpinteiro naval e o trabalho com a palmeira iniciou nessa convivência. “Eu frequentava o estaleiro em que meu pai trabalhava e iniciei fazendo barquinhos, imitando o que ele fazia. Aí comecei a desenvolver o que hoje é um ofício”, destaca.
Francisco explica que o trabalho com a palmeira é feito por paixão, uma vez que ele tem outro ofício. “Sou artesão com muito amor, pois tenho uma carreira como professor de Biologia. Quando não estou dando aulas, trabalho com artesanato”, diz, ao ressaltar que seu gosto pelo trabalho artesanal mais tradicional. “Eu gosto mesmo é de trabalhar com os barcos, o mais habitual possível, mas a necessidade do mercado demanda que a gente produza outras peças. Os barcos são minha grande paixão”, explica o artesão que também trouxe para o evento peças como palhacinhos, cobras, aves e quadros.
O artesão já participou anteriormente da FAC e afirma que a organização do evento é o diferencial. “Já tem uns cinco anos que comecei a vir para a FAC, o espaço é organizado e acolhedor, eu gosto de participar por esses motivos”, afirma.
Inovação
Nascido em Abaetetuba, o artesão Marcelo Vaz participa pela primeira vez da FAC. Ele utiliza o miriti de forma diferenciada e com muita inovação, mas sem deixar de homenagear o conhecimento tradicional dos ribeirinhos. “Eu busco a pluralidade no meu trabalho”, pontua.
Marcelo explica que a habilidade manual e a paixão pela arte iniciou cedo. “Vim de uma família ribeirinha e tenho parentes que trabalhavam com miriti, como meus tios e minha avó. Cresci em meio a essa produção artesanal, em um ambiente criativo, utilizando matéria-prima natural. Eu e meus primos utilizávamos a palmeira como brinquedo, assim fui me familiarizando com o material, comecei a fazer barquinhos, por exemplo”
Formado em Ciências Naturais e em Design de Interiores, Marcelo também tem especialização em gestão ambiental. “As coisas da natureza e a estética sempre me fascinaram. As artes plásticas sempre foram um hobby. Depois de me formar, percebi que podia unir o miriti e inovar, além de utilizar os recursos naturais de forma responsável”, pontua.
Marcelo trouxe para a FAC um trabalho denominado Encantaria, que consiste em peças inspiradas em lendas e referências da cultura amazônica. Entre os produtos, luminária inspirada na lenda do Boitatá, frutas de cores intensas e que remetem ao lúdico, mesa com inspiração na Vitória-Régia e fruteira que remete ao conto da Boiúna.
“É a primeira vez que venho a uma Feira, não apenas na FAC. Fiquei receoso, mas a procura tem sido grande e as peças estão vendendo bastante, mais do que o esperado”, finaliza.