Assim como milhões de mulheres empreendedoras pelo Brasil, dona Iradi Frutuoso é protagonista da sua própria história. No coração da região do Xingu, ela está à frente da fábrica Frutuoso Chocolate, que fica no município de Brasil Novo, um local que leva sabor e fomenta a economia local. No Dia da Mulher, celebrado neste sábado (08), vamos conhecer a história desta empreendedora que está conquistando seu espaço no mundo dos chocolates.
“Comecei a fazer um curso de chocolate caseiro, mas meu sonho mesmo era fazer uma coisa grande, então conversando com meus filhos e o meu marido, eles me deram apoio para fazer novos cursos e fui me apaixonando por isso”, conta ela.
Atividade essencial da região Xingu, o plantio do cacau tem o Pará como o segundo maior produtor do país, e foi justamente nas roças do fruto que começou a história da empreendedora paraense, que ajudava o marido a plantar e colher os frutos no sítio da família
Mas dona Iradi queria mais. Após ser contactada pela equipe do Programa Ali Rural, desenvolvido pelo Sebrae, decidiu que iria produzir chocolate a partir do fruto colhido nas terras da família. Depois de alguns anos, ela foi convidada a participar do Projeto Sustenta e Inova, foi quando amadureceu a ideia e decidiu abrir a fábrica, em fevereiro do ano passado, onde adquiriu os equipamentos necessários para a produção do chocolate. Hoje, o negócio beneficia seis pessoas da família.

“Acredito que ser persistente no ramo do empreendedorismo é uma grande característica para a mulher empreendedora. Então, acredito que todas nós mulheres desse ramo devemos colocar em prática nossas iniciativas sociais e culturais para que sejamos as construtoras dos nossos próprios caminhos”, ressalta ela.
Atualmente, dona Iradi aceita encomendas e faz a venda direta dos seus produtos na cidade de Brasil Novo. Ela também fechou parcerias para vendê-los no comércio local, enquanto aguarda a legalização do selo de qualidade expedido pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará). Ela também já conquistou o selo de qualidade da agricultura familiar, expedido pela Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará).
Apoio
A dona Iradi é acompanhada pela equipe técnica do Sebrae no Pará desde 2022, quando participou do Programa Sustenta e Inova, cujo objetivo é desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, além de promover o desenvolvimento das cadeias de valor na Amazônia brasileira, com o foco, principalmente, na conservação da biodiversidade, redução do desmatamento e restauração da paisagem. Desde então, ela participa de cursos e capacitações oferecidos pela Agência Xingu do Sebrae/PA, que fica em Altamira.
“A dona Iradi é uma pessoa muito humilde, tranquila e muito persistente. Percebemos que ela tem um dom para o empreendedorismo, vi o empoderamento feminino desde o primeiro dia em que começamos a atendê-la em seu negócio. Ela é uma pessoa muito dinâmica e faz de tudo para ver o negócio crescer, toda vez que a visitamos notamos que há algum tipo de investimento na fábrica de chocolate, enfim, ela é um exemplo de mulher empreendedora”, destaca Márcia Carneiro, analista do Sebrae no Pará e gestora do Sustenta e Inova na região.

Números
Assim como dona Iradi existem outras milhares de mulheres empreendedoras no Estado. De acordo com a PNAD Contínua do IBGE, do quatro trimestre de 2024, no Pará mais de 427 mil mulheres são donas de negócios. No Estado, para cada 100 mulheres, 12 ou mais são donas de negócios, o que corresponde a 12% das mulheres em idade ativa.
Ainda de acordo com o estudo do IBGE, o rendimento médio das mulheres empreendedoras no Brasil foi de R$2.867,00 neste período, enquanto dos homens foi de R$3.793,20.
A pesquisa revelou ainda que quase metade das donas de negócio (52%) têm entre 30 e 49 anos de idade. As atividades mais comuns entre as empregadoras são os serviços (57%), comércio (25%), indústria (12%), agropecuária (6%) e construção (1%). As mulheres donas de negócios possuem ainda maior nível de escolaridade que os homens, já que 29% delas possuem ensino superior, contra 21% dos homens.