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Com projeto de impacto social, startup paraense mira internacionalização

Tecnologia da EasyGestor facilita a operação das empresas e capacita donos de pequenos negócios em todo o território nacional
Por ASN Nacional
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Vitor Alves abriu sua primeira empresa aos 13 anos com amigos. Na época, em 2008, os chats de relacionamento pelo computador ainda eram disputados. “Vendíamos robôs que ocupavam espaços nas salas ou que monitoravam as atividades, como seguranças”, conta.

Autodidata, Alves relata que, ainda nos anos 2000, adquiriu muito conhecimento on-line. “Naquela época, já havia diversos materiais gratuitos na internet. Eu entrava em várias salas de tecnologia, observando as inovações que as pessoas estavam criando. Foi nesse contexto em que aprendi Linux e programação e conheci sobre Bitcoin logo no início, por exemplo”. Entre 2012 e 2013, então com 17 para 18 anos, ele abriu outra empresa, voltada para a área de eventos.

“Fui um dos primeiros a trabalhar com QR Code e o Sebrae foi um dos meus clientes lá no início, utilizando essa tecnologia para troca de ingressos e cartões”, diz Vitor Alves, empreendedor.

O paraense conta que sempre trabalhou no desenvolvimento de sistemas e automação para pequenas empresas, e que acabou ganhando uma bolsa para conhecer o Vale do Silício, em 2013. “Lá, aprendi sobre escalabilidade, que é fundamental para empreender em larga escala. Aqui, no Pará, poucas startups são reconhecidas, e nunca entendi como escalar, até que vi um curso de inbound marketing, do Sebrae, que me ajudou a entender como é possível fazer isso por meio de conteúdo digital.”

Alves acabou vendendo parte da empresa de tecnologia para eventos a fim de angariar capital para abrir o EasyGestor em 2017, startup focada em automação e educação empreendedora, especialmente voltada para micros e pequenos negócios que buscam se modernizar e prosperar em um ambiente digital cada vez mais competitivo. Com o EasyGestor, a ideia é que a rotina fique mais simples, com ferramentas que auxiliam nas vendas, no controle de estoque, na emissão de NF-e e em integrações com plataformas principais, gestão financeira, entre outras.

Projeto de Impacto

O empresário passou a treinar para aprender a se comunicar bem por vídeo. O processo levou três anos, até que, em 2021, o EasyGestor começou a tomar forma. Com o treinamento, Alves passou a ganhar vários pitchs em rodadas de negócios.

“No Pará, conseguimos R$ 200 mil e, no InovaAtiva Brasil, em parceria com o Sebrae, fomos campeões. Participamos ainda do Young Leaders of Iniciative, um programa americano em que 24 brasileiros foram selecionados entre 280 pessoas de todas as Américas. Ficamos entre os 20 primeiros. Só não chegamos entre os três primeiros porque ainda não tínhamos a questão de ESG (sigla para Meio ambiente, social e governança, em português).”

Pelo menos é o que ele pensava. “Já éramos uma startup de educação empreendedora, mas não focávamos em sustentabilidade. No fim, descobrimos que 70% do nosso público está em bairros periféricos e que ajudamos a economia local. Enquanto todos cobram pelo software de educação, nós oferecemos cursos gratuitos”, assegura o empreendedor.

“Assim, percebemos que somos uma empresa de impacto social, oferecendo educação e tecnologia gratuita em bairros periféricos”, completa Vitor Alves.

Vitor Alves abriu sua primeira empresa aos 13 anos e a segunda, com 17 anos. Foto: Arquivo pessoal.

Crescimento

O EasyGestor começa gratuito e, conforme o empreendedor evolui, é iniciada uma cobrança com base na sua maturidade. “Um exemplo é a jornada do vendedor de geleia. Ele aprende várias coisas gratuitamente e, ao evoluir, começa a pagar pelos módulos. O primeiro módulo pago tem um custo de apenas R$ 17. Utilizamos inteligência artificial para ajudar os pequenos empreendedores a crescer, desenvolvendo um método que se adapta às suas necessidades”, explica o empreendedor.

Assim, os clientes mais maduros acabam utilizando alguns produtos e serviços pagos necessários para aprimorar a gestão, segurança e relacionamento de suas empresas. São programas como o “bot” de WhatsApp, ou certificado digital, entre outros. Embora não seja o foco, os vídeos no YouTube geram também uma receita significativa, contribuindo para a sustentabilidade do negócio.

No Youtube, o canal chama Otimize seu Negócio e existe desde 2017, mas começou a ganhar destaque em 2020, com o trabalho de escalabilidade. Alves conta que ele e equipe são muito estratégicos em entender os assuntos em alta, monitorando concorrentes e criando vídeos rapidamente quando um assunto relevante aparece na imprensa.

“Conhecemos as dores de nossos clientes, como questões relacionadas a doações e notas fiscais, e isso nos ajuda a gerar conteúdo relevante”, ressalta Vitor Alves.

O resultado transparece nos números. O EasyGestor começou em 2020 com 100 pagantes e 10 mil inscritos no canal de Youtube. Em 2021, iniciou o ano com 50 mil inscritos no YouTube, chegando a 100 mil no final do ano.

“Começamos a ter um funil de vendas interessante, com usuários cadastrados, rotativos e pagantes. Em 2022 e 2023, implementamos estratégias de marketing muito eficazes, com produção de conteúdo, influenciadores e impulsionamento pós-pandemia. Hoje, temos mais de 220 mil inscritos no YouTube, 70 mil cadastrados no EasyGestor e cerca de 3 mil usuários (entre gratuitos e pagantes), com um crescimento de 5% a 10% ao mês”, revela.

Futuro

Em 2024, a empresa foi escolhida como uma das Top 100 no Prêmio Sebrae Startups e, em agosto, participou do Startup Summit em Florianópolis (SC). “Agora, nosso foco é aproveitar a oportunidade de ir a Lisboa para internacionalizar a empresa, buscando um soft landing na Europa ou nos EUA. Queremos aproveitar a presença de potenciais parceiros e nos estabelecer em um país forte até o início de 2027”, projeta o empresário paraense.

No curto prazo, Alves diz que quer continuar crescendo no Brasil, com a meta de dobrar os números absolutos a cada ano. A médio prazo, ele planeja adquirir empresas nos próximos três a cinco anos.

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