Nesta sexta-feira (22), 16 mulheres indígenas da etnia Warao, refugiadas da Venezuela e residentes em Belém, receberam certificação do Sebrae no Pará após concluírem uma capacitação em empreendedorismo. A entrega dos certificados foi realizada no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), no distrito de Outeiro, e marcou a finalização da primeira etapa de um projeto voltado à inclusão produtiva e valorização dos saberes tradicionais.
A capacitação é resultado do acordo de cooperação assinado em junho deste ano pelo Sebrae/PA junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Durante quatro dias, as artesãs participaram de oficinas com conteúdos sobre empreendedorismo, formação de preços, marketing e valorização da identidade cultural. As participantes já atuam na produção de peças artesanais feitas a partir do buriti, mas precisavam de orientações práticas para precificação, divulgação e comercialização dos produtos de forma mais estruturada.
“Estou muito feliz e grata, em nome do povo Warao, por essa conquista. Primeiramente, agradeço a Deus, ao Sebrae e ao ACNUR pelas oportunidades que abriram as portas para nossa comunidade. Receber esse certificado representa muito mais do que um papel , é o reconhecimento do nosso trabalho como artesãs e da nossa cultura. Esse curso vai me ajudar a melhorar ainda mais minhas peças e, com isso, gerar mais renda para minha família. É um passo importante para o fortalecimento do nosso povo”, disse a artesã Josephina Jimenez, umas das indígenas que participaram do curso.

Residente em um abrigo no bairro do Tapanã, em Belém, a artesã Alejandra Flores contou que o curso vai ajudá-la na geração de renda para a família, que chegou há quase cinco anos da Venezuela.
“Este certificado é muito importante para mim, me sinto orgulhosa de ter participado e de ter aprendido tantas coisas novas. Agora entendo melhor o que posso fazer com meu trabalho e estou muito feliz por essa oportunidade. Pretendo continuar produzindo e vendendo minhas pulseiras e brincos feitos com miçanga, que é o que sempre fiz. Esse é o meu trabalho e minha forma de sustento”, contou ela, que mora com o marido e o filho de quatro anos.
A atuação do Sebrae/PA no projeto envolve curadoria de metodologias e oferta de capacitações presenciais e híbridas. Já o ACNUR contribui com a mobilização e identificação das famílias beneficiadas.
“O Sebrae trouxe não só capacitação, mas uma oportunidade real de transformar conhecimento tradicional em renda, com respeito à cultura dessas mulheres indígenas da Venezuela. A ideia é oferecer abertura de mercado e novos negócios para essas mulheres, que são artesãs e possuem peças belíssimas que traduzem a cultura do seu povo”, ressaltou Luciano Andrade, analista técnico do Sebrae/PA.
Atualmente, cerca de 1.300 indígenas Warao vivem no Pará, sendo cerca de 900 apenas na Região Metropolitana de Belém. A iniciativa reforça o compromisso das instituições com o desenvolvimento sustentável e a integração social e econômica de populações em situação de vulnerabilidade. Nos próximos meses, novas turmas devem ser formadas em Belém.

“A parceria entre o ACNUR e o Sebrae no Pará é um exemplo inspirador de como a articulação interinstitucional pode gerar impacto concreto na vida de pessoas refugiadas. A iniciativa de capacitação das artesãs Warao, somada ao apoio para o acesso sustentável à matéria-prima por meio de cooperativas locais, fortalece a cadeia produtiva do artesanato e abre caminhos para geração de renda e inclusão socioeconômica. Seguimos comprometidos com ações que promovam dignidade, protagonismo e oportunidades para todas as comunidades que acolhemos”, destacou Janaina Galvão, chefe do escritório do ACNUR em Belém.
Parceria
Com foco no empreendedorismo e na inclusão produtiva de refugiados indígenas da etnia Warao, o Sebrae no Pará e o ACNUR no Brasil, firmaram o acordo de cooperação em junho deste ano, em Belém.
De forma prática, a parceria de três anos prevê ações de capacitação empreendedora para os indígenas, com foco na geração de renda, valorização de saberes tradicionais e fortalecimento da autonomia econômica dos refugiados, que tem origem na Venezuela.