A riqueza do artesanato de miriti produzido na região do Baixo Tocantins é um dos destaques da Feira de Artesanato do Círio 2025 (FAC), que vai até quarta-feira (15), no estacionamento do Parque Urbano Belém Porto Futuro, com entrada franca.
A feira tem revelado ao público não apenas o talento criativo de empreendedores paraenses, mas também iniciativas que unem design, sustentabilidade e identidade regional. É o caso do artesão e designer Marcelo Vaz, que marca presença no evento com a marca Design das Águas. Ele apresenta uma linha de móveis e peças decorativas feitas a partir do reaproveitamento de madeira descartada por carpintarias de Abaetetuba, no Baixo Tocantins.
“A produção é realizada por mestres da tradicional carpintaria amazônica, garantindo peças únicas e cheias de significado, então são móveis com alma. Cada cadeira, banco ou luminária carrega a história do material e do saber ancestral dos artesãos da região”, destaca Marcelo, que também trabalha com peças de miriti como luminárias e lustres.
Entre os destaques, estão as cadeiras “Varanda” e “Promessa”, lançadas especialmente para a FAC com uma leitura contemporânea da temática do Círio de Nazaré. As peças têm atraído o olhar de compradores locais e de fora do estado, como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e muitas já estão sendo encomendadas para ambientes residenciais e comerciais.

Biojoias
Outro estande destaque deste ano é o do artesão Josias Plácido Silva, o mestre Pirias, que está à frente da marca Meriti Amazônia, que fica em Abaetetuba. Reconhecido como referência no uso do meriti, palmeira nativa da região, o artesão lançou uma nova coleção de biojoias sustentáveis, resultado de um trabalho coletivo com mulheres artesãs da região metropolitana de Belém. Além das biojoias, no estande também é possível encontrar os tradicionais e coloridos brinquedos de miriti e animais da fauna amazônica.
Desde fevereiro de 2025, Pirias vem ministrando oficinas em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento, Econcômico, Mineração e Energia (Sedeme), capacitando mulheres para o corte e o aproveitamento criativo do meriti em acessórios. Ao longo de 13 oficinas, seis alunas se destacaram e passaram a integrar o projeto que culmina na nova linha apresentada na FAC.
O diferencial está na fusão de três matérias-primas amazônicas: o meriti, sementes regionais e um novo elemento de acabamento artesanal, criando peças originais e sofisticadas, com forte apelo sustentável. “Esse é um trabalho de formação, legado e inovação. Não basta produzir, é preciso repassar o conhecimento. Essas mulheres já trabalhavam com biojoias e agora estão dominando também a arte do meriti”, explica o mestre artesão.
Ele destaca ainda a importância de levar esse novo produto ao mercado com mais estrutura e já articula, com apoio do Sebrae, o desenvolvimento de uma coleção exclusiva, voltada à profissionalização e ampliação de mercado. “O projeto une tradição, sustentabilidade, formação de novas artesãs e geração de renda com identidade amazônica. É a arte do meriti ganhando novas mãos, novos olhares e um novo futuro”, finaliza.