O Açaí Talks, que integra a programação diária da Casa Pará na En-Zone, espaço do Sebrae Pará na COP-30, instalado no Porto Futuro, recebeu nesta segunda-feira (17) ,dois dos mais conhecidos e consagrados DJs de aparelhagem de Belém: Dinho e Edielson. A dupla compartilhou com o público um pouco da história desse movimento que nasceu nas festas do interior paraense e migrou para as periferias da capital, onde ganhou corpo e se consolidou como a mais genuína manifestação da cultura e da identidade paraense.
Belém tem hoje mais de 200 aparelhagens, que dividem um espaço cada vez mais amplo no cenário cultural local e nacional, perpetuando o legado dos pioneiros dessa cultura, que impulsionou ritmos como o brega e o tecnobrega, representando uma importante manifestação de identidade, lazer e atividade econômica para o estado.
DJ Dinho, da aparelhagem Tupinambá, um empreendimento familiar herdado do pai, Andir Corrêa, criado na década de 1960 em Abaetetuba, começou a carreira aos 12 anos. Junto com o irmão, Toninho, aperfeiçoou as técnicas de discotecagem e assumiram o protagonismo do negócio, consolidando o nome Tupinambá, escolhido para reverenciar as raízes indígenas que compõem grande parte do acervo cultural do Pará.
Edilson, que se consagrou ao lado do irmão Edielson à frente da aparelhagem Príncipe Negro, começou a tocar ainda mais cedo, aos 8 anos, também seguindo os passos do pai, que deu à primeira estrutura montada pela família o nome de Três Irmãos. Profissionalmente, ele assumiu a mesa de som aos 14 anos. A empresa mobiliza uma média de 20 profissionais por festa, um processo que envolve desde o transporte, montagem até o suporte técnico para a estrutura das festas, que inclui palcos imensos, paredes de caixas de som, centenas de luzes de LED, telões e as plataformas para os DJs. Segundo Dinho, esse número pode chegar a 250 pessoas envolvidas indiretamente por cada evento.
Hoje, apenas 10% das aparelhagens são mantidas por famílias. A partir de 2006, com o “boom” das aparelhagens, muitos empresários passaram a ser sócios desses grupos. O Príncipe Negro é um das poucas que mantém a constituição original entre as grandes aparelhagens. Já o Tupinambá está fazendo o caminho inverso há um ano, quando se apartou dos antigos sócios. Além de contar um pouco de suas trajetórias, os dois interagiram com a plateia, respondendo perguntas e esclarecendo curiosidades quanto ao trabalho que desenvolvem.

Ervas
Na sequência da programação, a Casa Pará abriu espaço para um dos mais conhecidos saberes atribuídos às comunidades tradicionais: a arte da manipulação das ervas. Conhecido pelo espaço que mantém no mercado do Ver-o-Peso voltado à comercialização de ervas, Paulo Arara, de 70 anos, demonstrou para o público como se prepara um banho atrativo.
Morador do Acará, ele trabalha com a produção e venda de ervas e também o preparo de banhos de cheiro feitos por encomenda, expertise que adquiriu com os pais e que domina há 40 anos. O público formou longas filas para aproveitar a oportunidade de receber um pouquinho da energia presente no banho atrativo. “Fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que ficaram para pegar o banho, não esperava tanta gente assim. Mas saio daqui feliz por ver que ainda tem tanta gente que aprecia o meu trabalho”, declarou.
Fechando a programação da Casa Pará, o DJ Zek Picoteiro mostrou a sua playlist e comandou a festa no Pavilhão de Miriti e recebeu a visita especial dos DJs Elielson e Juninho.
A Casa Pará segue até o dia 21 com uma vasta programação de exposições, performances, rodas de conversa e encontros com artistas da região, mostrando o universo criativo e estabelecendo um diálogo entre as tradições amazônicas e o design contemporâneo. A En-Zone é uma realização do Sebrae/PA, tem a operadora Claro como parceira de conectividade, patrocínio da Hydro e Sicredi e apoio institucional da Prefeitura de Belém, Governo do Pará e Governo Federal.
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