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Jovens de Belém apostam no empreendedorismo e criam produtora

Conheça a história da produtora “Disguiados 091”, formada por três jovens de diferentes bairros de Belém
Por Da Redação
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Com a proposta de divulgar a cultura periférica de Belém, um grupo de amigos está movimentando a cena local e promovendo o empreendedorismo por meio de uma produtora cultural. O “Disguiados 091”, formado pelos jovens Lucas Mathias, Glaube Vilar e Tabita Aynoâ, já se tornou símbolo de resistência e valorização da cultura negra na área do audiovisual.

Estudante do curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Lucas Mathias conta que antes de empreender trabalhava como entregador de aplicativos, mas que ao lado do amigo Glauber Vilar, teve a ideia de criar o “Disguiados 091”. Depois deles, a também amiga Tabita Aynoã, se juntou ao grupo, utilizando sua visão empreendedora como criadora de conteúdo.

“O Disguiados surge em janeiro de 2024, inicialmente como um brechó on-line voltado para a moda periférica, mas depois da participação em outro evento de brechós, tivemos a ideia de criar o nosso próprio evento, foi dessa maneira que criamos o Visão de Cria”, conta Mathias.

Empreendedores do audiovisual também realizam rodas de conversas em escolas públicas.

“Visão de cria” 

Com o empreendedorismo no foco do negócio, os três amigos criaram o próprio evento, o “Visão de cria”, que reúne a comercialização de brechós, pocket shows, e apresentação de DJs, com objetivo de produzir para periferia. Para promover o evento, eles utilizam o marketing de curiosidade: gravam vídeos com artistas instigando a frase “o que é visão de cria para você?”, mas sem revelar detalhes do evento.

O suspense gera um burburinho na cena local do hip hop, com vídeos que ultrapassam mais de 10 mil visualizações de forma orgânica. A primeira edição do “Visão de cria” foi realizada em abril deste ano, e de lá para cá, o movimento só tem crescido em bairros com a participação e o protagonismo do público jovem.

“Até então o Disguiados era apenas um brechó. Mas com o sucesso, por causa do marketing que fizemos durante um mês, trabalhando com a curiosidade do público, onde gravamos com os artistas e DJ, vídeos que passam de 10/15 mil visualizações de forma orgânica, decidimos que o Disguiados091 iria seguir uma linha de produtora da periferia”, conta ele.

Com a produtora em ascensão, Lucas ressalta que o objetivo maior do trio é produzir cultura, arte e lazer para os moradores da periferia, sem esquecer da própria história. “O Disguiados nasce na favela. Somos da periferia, e tudo o que fazemos é para fortalecer a nossa quebrada. Produzimos cultura, arte e lazer, sempre de olho na nossa raiz, na nossa história. Acreditamos que o poder da transformação está aqui, nas vielas, nos becos, nas praças. O Disguiados é isso: uma produtora cultural, é orgulho e luta da periferia para a periferia”, completa ele.

Segundo o estudante, empreender na periferia tem um significado que vai além do dinheiro, já que a ideia é transformar a realidade local e combater a precarização do trabalho que afeta milhões de brasileiros. “Por isso, o Disguiados091 busca construir um modelo de negócio que valorize a coletividade e a essência periférica de Belém, sem cair nas armadilhas do neoliberalismo”, ressalta.

Para os empreendedores negros que desejam começar ou estão começando um pequeno negócio, Lucas deixa uma mensagem. “Estude, se organize e não acredite em discurso de empreendedorismo liberal. Nós precisamos entender o que está por trás desse discurso e construir um negócio que realmente beneficie nossa quebrada”, finaliza ele.

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