Em um momento considerado histórico para Belém, o painel realizado nesta terça-feira (18), no Espaço Sebrae, na Green Zone, reuniu representantes do setor público e privado, além de empreendedores, para discutir o impacto da COP30 na economia local, na percepção dos visitantes e no legado que a cidade constrói para as próximas décadas. Logo na abertura, a jornalista Trisha Guimarães destacou o caráter inédito do atual cenário: um fluxo intenso de turistas, interesse internacional e um PIB estadual que ultrapassa a média nacional, impulsionado pelos investimentos que antecederam a conferência climática.
Questionado sobre essa nova fase, o prefeito de Belém, Igor Normando, afirmou que a cidade está “recuperando o orgulho e a esperança”, ressaltando que a capital se preparou em tempo recorde para receber o mundo. “Em um ano, fizemos o que talvez levasse 20 ou 30 anos. Isso só foi possível porque a prefeitura, o governo do estado, o governo federal, o Sebrae e muitos parceiros trabalharam juntos todos os dias”, reforçou. Para ele, o turismo não se resume a passeios, mas a uma dinâmica que envolve bares, restaurantes, vendedores e pequenos negócios que dão vida às ruas.
No painel, o Sebrae foi mais uma vez reconhecido como força essencial na preparação de Belém para a COP30. Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, lembrou que a estratégia de fortalecimento da instituição começou ainda em 2019, com a expansão da presença física em 144 municípios paraenses – um movimento decisivo para estruturar pequenos negócios e criar bases sólidas de desenvolvimento. “Hoje, o Sebrae está maior porque trabalha com aquilo que é o nosso core: pequenos negócios. No estado, 51% das empresas são MEI ou micro e pequenas. Quando a gente mostra isso para o mundo, mostramos também quem sustenta nossa economia”, afirmou.
Com mais de 87 mil atendimentos apenas voltados ao COP 30, o Sebrae estruturou um ecossistema de serviços, conteúdos, produtos e experiências para impulsionar empreendedores locais. O espaço montado na En-Zone, sempre lotado, virou ponto de encontro de gestores, visitantes e negócios da Amazônia Legal. A curadoria da loja colaborativa reúne 250 empreendedores e já contabiliza vendas expressivas, fruto da demanda crescente por produtos amazônicos.
Na En-Zone, a instituição apostou em cultura e entretenimento, incluindo apresentações de aparelhagem, fortalecendo a identidade cultural e mostrando que empreendedorismo também é expressão criativa, culinária, territorial e sensorial. “Estamos mostrando que o Pará não é caricatura. O Pará é potência”, destacou o diretor.
Um dos convidados, Daniel Cady, empresário baiano com foco no ecoturismo, compartilhou sua experiência com turismo ecológico e educação ambiental através de vivências com abelhas nativas. Explicou que o mundo atravessa uma crise de “déficit de natureza”, especialmente entre crianças, e que experiências sensoriais, comunitárias e sustentáveis são cada vez mais procuradas por turistas que querem desacelerar, aprender e se conectar com o modo de vida local.
Ao elogiar Belém, disse estar impressionado com a capacidade da cidade de preservar arquitetura histórica, valorizar alimentos tradicionais e integrar bioconstrução com identidade amazônica. “O mundo está saturado da monocultura visual. Aqui não existe isso: tudo é único. O desafio é comunicar isso ao turista global”, afirmou.
O painel oferece diferentes perspectivas sobre o legado que a COP deixará para os belenenses. A virada, simbólica e prática, coloca Belém no centro do mundo, reforçando a cidade como um novo polo turístico e o Sebrae como seu grande parceiro. “Belém se apresenta ao mundo com infraestrutura renovada, uma economia criativa pulsante, empreendedores preparados e uma narrativa que une tradição, diversidade e futuro. Estamos aqui e vamos continuar incentivando os micro e pequenos negócios para que a cidade e o estado continuem pulsantes”, concluiu Rubens.

