A Casa Pará recebeu neste sábado (15), para o Açaí Talks, os arquitetos Luís Guedes e Pablo do Vale, sócios fundadores da Guá Arquitetura, responsável pelo Projeto Carpinteiros da Amazônia, representados no palco do espaço pelos mestres carpinteiros Josafá Soares, Ednaldo Silva e Edson Monteiro. A iniciativa surgiu como resultado de uma pesquisa que começou em 2021, quando a equipe estabeleceu uma sede de pesquisa na ilha do Murutucu, onde se dedicou à catalogação e documentação da rica tradição da carpintaria amazônica.
A ideia primordial de Luís e Pablo era pesquisar e catalogar o trabalho desses mestres para que a tradição da carpintaria seja mantida e, mais do que isso, divulgar essa arte. “A gente só preserva aquilo que a gente conhece. Então o primeiro passo foi conhecer, o segundo foi divulgar pra que mais pessoas conheçam e, a partir disso, preservar esse saber único da Amazônia, já que essa arte pode desaparecer porque as novas gerações não se interessam por esse ofício”, destaca Luís Guedes.
O projeto, ressalta, é desenvolvido com colaboração horizontal entre os carpinteiros e a Guá Arquitetura, mas é voltado a profissionais do design do país inteiro. “A gente convida arquitetos para virem conhecer o fazer mobiliário de um jeito amazônico. Eles passam sete dias aqui conhecendo Os carpinteiros, e depois disso eles fazem um protótipo colaborativo. Esse móvel é manufaturado por indústria daqui do Pará e eles recebem uma renda parcial proveniente da venda desses mobiliários”, explica.
Os mobiliários produzidos recebem os nomes dos mestres que os criaram como uma expressão de empoderamento para essa profissão vernacular. Essa prática não apenas reconhece a habilidade artesanal única de cada carpinteiro, mas, também, destaca a importância cultural e sustentável de seu trabalho na região amazônica.
Para Luís, os mestres é que são, na realidade, os grandes arquitetos. “A gente sabe que a sabedoria é ancestral, é esse tipo de saber que pode nos salvar dessa crise climática. E o projeto Pallas dá uma contribuição no sentido de estimular essa discussão e já mudou totalmente a forma como todos entendemos a Amazônia”, ressalta.
Uma das propostas de Luís Guedes e Pablo do Vale é a captação de apoio para o Instituto Guá, que além de valorizar a arte da carpintaria, busca preservar os saberes manuais de outros mestres ribeirinhos amazônicos. “A gente espera muito que, no futuro, esse instituto seja um exemplo pra outros organismos e o guardião desse saber.”

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Ao final do painel, mestre Edson e mestre Ednaldo finalizaram, em tempo real, a pintura de uma casa ribeirinha em miniatura instalada no espaço da Casa Pará, que seguirá com uma programação variada até o dia 21, sempre a partir das 17h.
A En-Zone é uma realização do Sebrae/PA, tem a operadora Claro como parceira de conectividade, patrocínio da Hydro e Sicredi e apoio institucional da Prefeitura de Belém, Governo do Pará e Governo Federal.

