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Estande da ONU destaca protagonismo feminino na agenda climática

Mulheres, inovação e financiamento inclusivo: mesa em estande da ONU na COP 30 destaca caminhos para reduzir desigualdades
Por Redação
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Durante a COP30, uma mesa realizada no estande do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reuniu representantes de instituições estratégicas do ecossistema de empreendedorismo e inovação para discutir o fortalecimento do protagonismo feminino na agenda climática, social e econômica. O debate contou com a presença de Domingas Ribeiro, diretora técnica do Sebrae no Pará; Ima Vieira, assessora da presidência da FINEP; e Fernanda Coelho, diretora de micro e pequenos negócios do BNDES. Elisa Calcaterra, representante adjunta do PNUD, foi a moderadora.

Em sua fala, Domingas Ribeiro destacou o conjunto de ações promovidas pelo Sebrae/PA para apoiar mulheres empreendedoras em diferentes regiões do país, especialmente na Amazônia. Ela relembrou que programas como o Sebrae Delas já capacitou mais de mil mulheres no Pará desde 2019, fortalecendo negócios sustentáveis e integrados às cadeias da floresta.

Segundo ela, as empreendedoras que atuam com produtos da sociobiodiversidade vêm se destacando tanto em seus territórios quanto no cenário nacional. “Nós já tivemos mulheres premiadas duas vezes consecutivas no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, incluindo uma produtora de cacau e chocolate que levou inovação e sustentabilidade para o agronegócio”, citou.

Domingas reforçou que as mulheres lideram cerca de 52% dos pequenos negócios no Brasil. Elas possuem, em média, maior escolaridade do que os homens no empreendedorismo; mas ainda assim, enfrentam barreiras estruturais, como acesso mais difícil a crédito e discriminação de gênero no mercado. Ela ressaltou que o Sebrae tem ampliado parcerias, como a criação de polos de desenvolvimento e ações de apoio ao acesso a financiamento, para consolidar a autonomia econômica de mulheres amazônidas.

A cientista e assessora da presidência da Finep, Ima Vieira, trouxe ao debate a perspectiva da inovação científica e tecnológica liderada por mulheres. Ela citou dados sobre desigualdades persistentes na carreira científica, como menor acesso a bolsas, interrupções não reconhecidas por motivos de maternidade e redes de financiamento predominantemente masculinas.

Nesse contexto, Ima destacou a importância do programa Mulheres Inovadoras, da Finep, criado em 2020, para oferecer aceleração completa, mentoria, conexão com ecossistemas nacionais e internacionais e recursos financeiros não reembolsáveis para startups comandadas por mulheres.

“Apenas nesta edição, tivemos 627 propostas inscritas, um crescimento de 65% em relação ao ano anterior, com destaque para o aumento expressivo de inscrições no Nordeste (179%) e no Norte (115%)”, afirmou. Ela explicou que o programa distribuiu R$ 6,47 milhões em prêmios até 2024 e que a edição de 2025 disponibilizará R$3 milhões em recursos destinados diretamente às empreendedoras.

O debate também destacou a necessidade de ampliar o acesso das mulheres ao crédito, sobretudo no Norte e Nordeste. Fernanda Coelho, diretora do BNDES, destacou iniciativas como o Fundo Garantidor BNDES-Sebrae que, em apenas quatro meses, alavancou R$2,76 bilhões em recursos para micro e pequenas empresas – parcela expressiva delas liderada por mulheres.

Ainda assim, Coelho alertou que a distribuição regional dos financiamentos ainda é desigual. “Regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte do crédito, enquanto a Amazônia permanece com cerca de 10% dos recursos nacionais destinados à ciência e tecnologia”, explica.

Em suas considerações finais, as participantes reforçaram que a construção de um futuro sustentável exige o fortalecimento do protagonismo feminino em três dimensões fundamentais: acesso a recursos, reconhecimento e poder de decisão.

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