O palco da Casa Pará, dentro da En-Zone, recebeu convidados especiais na tarde desta quinta-feira (13) para dialogar com o público sobre empreendedorismo social, música e jornalismo na Amazônia. Na abertura da programação, as acadêmicas Vitória Dutra Miranda e Brenda Gualberto Deprá apresentaram o case do projeto Biolume, desenvolvido pela Enactus UFPA, equipe que integra uma rede internacional de estudantes dedicada a projetos de empreendedorismo social alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, presente atualmente em 37 países.
A iniciativa leva energia sustentável a comunidades com acesso limitado à eletricidade na Amazônia, utilizando postes fotovoltaicos de baixo custo, feitos de PVC reciclado, garantindo acesso à iluminação pública em espaços comunitários, escolas e vias públicas, além de segurança e qualidade de vida.
As instalações são viabilizadas por meio da venda para empresas que precisam ou são legalmente obrigadas a cumprir metas ESG (abreviação para Environmental, Social e Governance). Além da eficiência energética e do caráter sustentável, os postes fotovoltaicos são uma solução sete vezes mais barata que as disponíveis no mercado.
Com mais de 21 comunidades impactadas positivamente, o projeto Biolume agora trabalha com um novo produto: os totens de carregamento celular, estruturas que garantem conectividade para as comunidades, carregando até 5 celulares simultaneamente.

Na sequência, o Açaí Talks recebeu o painel Afluentes, que dá nome ao mais novo projeto do DJ e pesquisador da música da Amazônia Zek Picoteiro, que por muito tempo comandou o setlist de outro projeto musical que fez muito sucesso em Belém: a Lambateria. Coube a ele conduzir um bate-papo que também contou com a participação do professor Antônio Maurício Dias da Costa e da cantora Hellen Patrícia, vocalista da banda Xeiro Verde.
O jornalista Daniel Nardin encerrou os painéis do dia com a apresentação do case Amazônia Vox, plataforma criada com o objetivo de gerar e fomentar conexões com fontes locais e profissionais de comunicação da região, produzindo um conteúdo de Jornalismo de Soluções. Com apenas dois anos e meio de existência, o projeto tem um caráter inovador no segmento, apostando no colaborativismo para compor cadastros gratuitos e voluntários de profissionais freelancers.
“O propósito da plataforma é facilitar conexões e criar um banco de fontes de conhecimento sobre a Amazônia, mostrando iniciativas locais que dão resposta a problemas locais”, explicou Daniel, ao destacar a necessidade de que a Amazônia seja mostrada por quem nela vive e compreende suas peculiaridades. Só assim, segundo ele, é possível alcançar o reconhecimento e legitimar o conhecimento produzido na região.
“Você ter uma equipe de 34 pessoas, 32 delas da Amazônia, fruto de uma iniciativa pioneira que não conta com recursos da iniciativa local – a plataforma conta com o apoio do Instituto Bem da Amazônia, da Bolsa Knight do International Center for Journalists (ICFJ), e parceria com a Fundação Lemann – é muito bom porque a gente tem liberdade para publicar o que quiser”, celebra.

Em 2024, o Amazônia Vox foi vencedor nacional do Prêmio Sebrae de Jornalismo na categoria texto e, este ano, teve duas reportagens produzidas com profissionais do Amapá contempladas com o primeiro lugar nas categorias texto e foto da etapa Amapá do Prêmio. Na primeira categoria, a reportagem vencedora foi “Startups do Amapá transformam resíduos do cardápio amazônico em negócios sustentáveis”, com produção e texto de Maria Clara Prudêncio e Mickael Marques Nobre, com imagens de Rogério Lameira e supervisão de Ruanne Lima e Lylian Rodrigues.
Na categoria foto, o prêmio foi para Rogério Lameira, cujo trabalho estampou a reportagem “Longe da polêmica do nome, extrativistas do Amapá sofrem com baixa produção de castanha”, de Ruanne Barroso Lima.

