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Empreendedorismo inclusivo na FAC

Público pode conhecer o trabalho de 12 mulheres artesãs apoiadas pelo Sebrae no Pará
Por Da Redação
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Entre os expositores da Feira de Artesanato do Círio 2025 (FAC), um grupo tem chamado atenção não apenas pelos produtos, mas por suas histórias de superação: são mães de pessoas com deficiência ou neurodivergentes que encontraram no empreendedorismo uma forma de sustento e autonomia. É o caso de Regina Cândido, professora de formação, que precisou deixar o emprego formal para cuidar do filho autista e hoje transforma sua criatividade em fonte de renda, produzindo biojoias, camisas com estampas amazônicas e peças exclusivas inspiradas no Círio de Nazaré.

“Ser mãe atípica e empreendedora é um grande desafio. Mas quando você encontra apoio, tudo se torna mais possível. É desafiador você encontrar o equilíbrio entre cuidar de uma criança neurodivergente e ainda criar tempo para empreender, mas quando você tem uma rede de apoio tudo fica mais fácil”, conta Regina. Um desses apoios veio por meio do projeto Empreendedorismo Inclusivo, promovido pelo Sebrae/PA, que oferece capacitações, consultorias e acolhimento emocional a mães de pessoas neurodivergentes.

O projeto é conduzido pela analista técnica Vera Rodrigues, em uma iniciativa pioneira na região Norte, que já conta com 21 mães participantes, sendo 12 delas selecionadas para expor na FAC deste ano. A ideia surgiu após o Sebrae identificar, em outro evento, a presença de mães atípicas vendendo produtos relacionados ao autismo, mas sem apoio estruturado.

Vera Rodrigues: Sebrae no Pará realiza trabalho com 21 mães atípicas. Foto: Carlos Borges.

A partir disso, foi desenvolvida uma trilha de conhecimento em três etapas: desenvolvimento humano, formação empreendedora e consultoria individual para modelagem de negócios. O projeto Empreendedorismo Inclusivo é pioneiro na Região Norte e destaca-se como a segunda iniciativa do gênero no país.

“É um trabalho que exige empatia, flexibilidade e cuidado. Elas são mães extremamente sensíveis, e o projeto precisa respeitar o ritmo de cada uma, mas o resultado é extremamente positivo. Elas estão se descobrindo empreendedoras”, destaca Vera Rodrigues.

Outra história que representa bem essa realidade é a da paraense Karla Lucena. Mãe de duas crianças neurodivergentes, uma com TDAH e outra com TEA e TDAH, Karla encontrou no empreendedorismo uma forma de garantir sustento, flexibilidade e autoestima para a família.

A trajetória dela com o Sebrae/PA começou por meio de uma conexão com o Preventório Santa Terezinha, onde sua filha estuda. A partir de um convite da analista Vera Rodrigues, gestora do projeto, Karla passou a integrar o grupo de mães atípicas que recebe consultoria especializada, formação empreendedora e apoio emocional. Hoje, ela é uma das 12 mães selecionadas para expor seus produtos na FAC.

Karla Lucena trabalha com estampas em produtos regionais. Foto: Carlos Borges.

Com mais de 15 anos de experiência, Karla já atuou com papelaria durante a pandemia, mas teve que seu negócio para a encadernação e sublimação de produtos como agendas, camisetas e canecas. Atualmente, ela também explora o setor alimentício, mostrando versatilidade e resiliência frente aos desafios do mercado e da maternidade atípica. “A gente precisa se adequar ao mercado, pensar e se reinventar sempre. Tenho orgulho de representar outras mães que, como eu, estão aqui com muito esforço”, completa ela.

Entre os itens à venda pelas 12 empreendedoras na FAC 2025 estão biscoitos artesanais, cosméticos naturais, produtos com identidade visual inclusiva voltada ao autismo, peças da bioeconomia e muito mais.

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